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CRÍTICA EXTERNA
Organização diz que investimento direto no Brasil se dá mais pelo tamanho do país que pelo ambiente de negócios
OCDE vê "muito" a fazer para atrair investidor
DA SUCURSAL DO RIO
O secretário-geral da OCDE
(Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico,
bloco de países desenvolvidos),
Donald Johnston, disse que os
US$ 18 bilhões que o Brasil recebeu em investimentos estrangeiros diretos no ano passado foram
muito mais uma conseqüência do
tamanho do país do que propriamente de um ambiente favorável
para atrair o investimento.
Johnston disse, porém, que o
Brasil está no caminho certo, mas
que "muito ainda pode ser feito".
Segundo ele, com uma melhora
no ambiente para receber os investimentos, o país pode ser o
principal destino desse dinheiro
entre os países em desenvolvimento, superando até a China.
De acordo com a Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre
Comércio e Desenvolvimento), o
Brasil recebeu 3% de todo o investimento estrangeiro direto do
mundo em 2004. A China, 10%.
Por melhora no ambiente para
investimentos, Johnston entende
que é preciso, por exemplo, haver
mudanças no sistema tributário.
Ele criticou o "fardo dos impostos" para as empresas brasileiras.
"Não existe um ambiente hostil
no país ao investimento. Mas,
com reformas regulatórias e
avanços nas PPPs [Parcerias Público Privadas], o país pode receber ainda mais que US$ 18 bilhões, o que já foi substancial."
O setor previdenciário foi outro
exemplo citado como problemático. Segundo Johnston, é preciso
que a área se sustente para o custeio social e para que não haja
pressões orçamentárias. Ele elogiou a política macroeconômica,
com destaque para o controle inflacionário e compromisso fiscal,
os dois principais pilares que trazem estabilidade aos investidores.
"O Brasil é um país fascinante,
mas está numa encruzilhada. Deve se orgulhar do desenvolvimento econômico, mas há desafios. É
preciso fazer mais reformas estruturais, para que o país todo possa
se beneficiar da globalização."
Já o secretário de Política Econômica da Fazenda, Bernard
Appy, afirmou que o mais relevante para o crescimento é a estabilidade macroeconômica. "Num
ambiente de instabilidade, as empresas têm uma posição mais defensiva ao investir." Appy listou
ainda reformas microeconômicas
feitas para melhorar o ambiente
de negócios, como a reforma do
Judiciário e a Lei de Falências.
Já Michael Klein, vice-presidente do IFC (International Finance
Corporation, braço financeiro do
Banco Mundial), disse que há ainda muito o que fazer para melhorar o clima para investimentos no
Brasil. Segundo estudo da instituição, o Brasil está apenas na 119ª
posição no ranking de 155 países
nos quais as empresas encontram
maior facilidade para investir. A
classificação considera o tempo
de abertura de uma empresa, o
ambiente jurídico e outros itens.
Appy questionou, porém, o fato
de o levantamento atribuir o mesmo peso ao tempo de abertura de
firmas e ao arcabouço legal para
investir com segurança.
(LUCIANA BRAFMAN E PEDRO SOARES)
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