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PECUÁRIA
Lula agora culpa Estados por foco de aftosa
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de ter culpado os fazendeiros pelos primeiros focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul,
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem que os Estados é
que são os "responsáveis" pelo
controle da doença. Segundo ele,
o governo federal tem apenas a
função de fiscalizar e que, diante
da aftosa e da gripe aviária, "não
pode deixar a peteca cair" e retroceder no mercado internacional.
"Embora a febre aftosa seja de
responsabilidade dos Estados, o
governo federal é que tem a responsabilidade de fiscalizar, e assim vale para todas as áreas", afirmou Lula, ontem à noite, durante
a abertura do 19º congresso brasileiro de avicultura, no Itamaraty.
Em fala toda improvisada, Lula
atacou o desmonte da máquina
pública e a burocracia do Estado
para, indiretamente, justificar a
falta de fiscalização e os conseqüentes casos de dez focos de febre aftosa no país, todos em Mato
Grosso do Sul. Sobre a doença,
disse que "temos de evitar que
aconteça de novo".
O discurso de Lula, na prática,
se transformou numa resposta à
fala do presidente da Uba (União
Brasileira de Avicultura), Zoé Silveira D'Ávila, que, por 40 minutos, cobrou investimentos do governo federal na área técnica do
Ministério da Agricultura. Visivelmente irritado com as críticas,
o presidente tratou de respondê-las a seguir.
Segundo Lula, o Estado sofreu
um desmonte em sua estrutura,
principalmente "a partir de 1990",
no governo Fernando Collor
(1990-1992). "Para vir trabalhar
no governo pra ganhar R$ 5.000,
só se a pessoa for realmente muito
comprometida ideologicamente.
E todo mundo sabe que um grande técnico vai hoje pra uma empresa privada ganhar R$ 10 mil,
R$ 15 mil, R$ 20 mil e ainda tem
despesa com gasolina paga, tem
despesa com restaurante...e não
tem Ministério Público atrás dele,
não tem CPI atrás dele, não tem
nada", afirmou.
Na linha da estrutura da máquina federal, ainda encontrou espaço para mais uma vez criticar a
imprensa, dizendo que aparece
uma "enxurrada de editoriais"
quando o governo anuncia concursos públicos.
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