São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2005

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PECUÁRIA

Lula agora culpa Estados por foco de aftosa

EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de ter culpado os fazendeiros pelos primeiros focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que os Estados é que são os "responsáveis" pelo controle da doença. Segundo ele, o governo federal tem apenas a função de fiscalizar e que, diante da aftosa e da gripe aviária, "não pode deixar a peteca cair" e retroceder no mercado internacional.
"Embora a febre aftosa seja de responsabilidade dos Estados, o governo federal é que tem a responsabilidade de fiscalizar, e assim vale para todas as áreas", afirmou Lula, ontem à noite, durante a abertura do 19º congresso brasileiro de avicultura, no Itamaraty.
Em fala toda improvisada, Lula atacou o desmonte da máquina pública e a burocracia do Estado para, indiretamente, justificar a falta de fiscalização e os conseqüentes casos de dez focos de febre aftosa no país, todos em Mato Grosso do Sul. Sobre a doença, disse que "temos de evitar que aconteça de novo".
O discurso de Lula, na prática, se transformou numa resposta à fala do presidente da Uba (União Brasileira de Avicultura), Zoé Silveira D'Ávila, que, por 40 minutos, cobrou investimentos do governo federal na área técnica do Ministério da Agricultura. Visivelmente irritado com as críticas, o presidente tratou de respondê-las a seguir.
Segundo Lula, o Estado sofreu um desmonte em sua estrutura, principalmente "a partir de 1990", no governo Fernando Collor (1990-1992). "Para vir trabalhar no governo pra ganhar R$ 5.000, só se a pessoa for realmente muito comprometida ideologicamente. E todo mundo sabe que um grande técnico vai hoje pra uma empresa privada ganhar R$ 10 mil, R$ 15 mil, R$ 20 mil e ainda tem despesa com gasolina paga, tem despesa com restaurante...e não tem Ministério Público atrás dele, não tem CPI atrás dele, não tem nada", afirmou.
Na linha da estrutura da máquina federal, ainda encontrou espaço para mais uma vez criticar a imprensa, dizendo que aparece uma "enxurrada de editoriais" quando o governo anuncia concursos públicos.


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