São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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Carga tributária é principal preocupação da indústria, aponta sondagem da CNI

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A alta carga tributária brasileira ocupa o primeiro lugar nas preocupações da indústria nacional quando o tema é desenvolvimento de negócios e incremento de produção e vendas. Indagadas pela Confederação Nacional da Indústria, 71% das pequenas e médias e 70% das grandes empresas citaram os custos com os impostos como o maior entrave na Sondagem Industrial do 3º trimestre.
O câmbio ficou em segundo lugar na lista de principais problemas das maiores empresas, 80% das quais exportam seus produtos. Para as pequenas e médias, a competição acirrada no mercado surge na segunda posição, com 40% de respostas na pesquisa. Cerca de 30% das menores exportam e, por outro lado, enfrentam no mercado interno a entrada de importados devido ao dólar baixo.
As diferenças de avaliação entre as pequenas e médias e as grandes sobre a situação atual dos negócios não pára por aí. Como a pesquisa da CNI mede respostas a um questionário, não necessariamente dados quantitativos, a confederação avalia que as maiores empresas se recuperaram no terceiro trimestre, enquanto as menores ainda patinam.
Nas respostas, houve mais informação de aumento de produção e faturamento entre as grandes empresas. As pequenas e médias, depreende-se do levantamento, teriam fornecido a imagem de estagnação. O número de postos de trabalho, porém, manteve-se estável em ambos os segmentos.
Mesmo sem dados mais aprofundados, a CNI assegura que houve recuperação da produção e do faturamento da indústria depois de um ano e meio de estagnação e perdas. Para o técnico Renato Fonseca, um dos responsáveis pelo estudo, os seguidos cortes na taxa Selic não compensaram, ainda, o efeito negativo do câmbio e o baixo crescimento do emprego e da renda do trabalhador.

Perspectiva
Há sintonia entre grandes e pequenas na expectativa sobre os próximos seis meses. Os industriais estimam meses mais difíceis, algo que pode guardar relação com a atual disputa presidencial. O levantamento foi realizado de 3 a 20 de outubro, período em que teve lugar o segundo turno do embate entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB).
Ambos os candidatos prometem maior atenção aos setores produtivos. E também não há diferença substancial entre governo e oposição sobre a necessidade de uma reforma tributária que desonere a produção.
A expectativa, tanto das pequenas e médias quanto das grandes empresas, estancou em patamares menores do que no segundo trimestre do ano. Em relação à exportação, as expectativas são de retração.


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