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Aperto fiscal diminui e fica perto de meta
Economia do setor público para pagamento de juros chega a 4,28% nos últimos 12 meses; meta para o ano é de 4,25%
Resultado de setembro é o mais baixo desde maio de 2004; governo culpa antecipação do 13º salário a aposentados e pensionistas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento nos gastos da
Previdência Social no mês passado fez com que o aperto fiscal
promovido pelo setor público
registrasse forte queda, ficando
bem perto da meta fixada pelo
governo para este ano. Nos últimos 12 meses, a economia feita
por União, Estados, municípios
e estatais para pagar juros ficou
em 4,28% do PIB -no mês anterior, a proporção era 4,45%.
É o resultado mais baixo desde maio de 2004. A meta do governo é manter o superávit primário (receitas menos despesas públicas, exceto gasto com
juros) em ao menos 4,25%.
Entre agosto e setembro, o
superávit caiu de R$ 13,2 bilhões para R$ 4,6 bilhões. Para
o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes,
foi conseqüência do pagamento antecipado de metade do 13º
salário dos aposentados e pensionistas do INSS. Isso elevou
em R$ 5,9 bilhões os gastos da
Previdência, que teve rombo de
R$ 8,6 bilhões no mês.
Em 2005, o superávit primário atingiu o recorde de 4,83%
do PIB, gerando insatisfação
em áreas do governo que acreditavam que os gastos poderiam ser maiores para estimular o crescimento sem prejudicar as metas fiscais. Neste ano
eleitoral, decidiu-se aumentar
os gastos para trazer o superávit primário para mais perto da
meta. No setor privado, porém,
surgiram críticas de que esse
aumento poderia prejudicar o
equilíbrio das contas públicas
no longo prazo.
"Os números até agora apontam para o cumprimento da
meta", diz Lopes, para quem o
resultado de setembro foi caso
isolado. "Isso vai ser compensado pelo menor dispêndio em
dezembro, porque parte do pagamento [do 13º salário] já foi
antecipada."
Os resultados de setembro
foram bem-vistos por analistas
do Iedi (Instituto de Estudos
para o Desenvolvimento Industrial), para quem os "números revelam que a política fiscal
foi menos restritiva ao longo do
corrente ano, mas também que
a meta de superávit primário
deve ser cumprida em 2006".
O Iedi ressalta, porém, que
um dos pontos mais relevantes
das estatísticas divulgadas pelo
BC é o gasto público com juros,
que tem se mantido praticamente estável neste ano, mesmo com a queda da taxa Selic.
Entre janeiro e setembro, os
juros tiveram um impacto de
R$ 121,7 bilhões nas contas públicas, o que corresponde a 8%
do PIB. No mesmo período de
2005, essas despesas somaram
R$ 120,1 bilhões -ou 8,5%.
"Essa rigidez está associada a
vários fatores, dentre os quais o
gradualismo da política monetária, o elevado estoque da dívida mobiliária interna, bem como o aumento do percentual
dos títulos prefixados em relação aos pós-fixados", diz o Iedi.
Entre setembro de 2005 e o
mês passado, a taxa Selic foi reduzida de 19,75% ao ano para
14,25%. Ainda assim, os gastos
com juros foram pouco afetados porque a participação de títulos corrigidos pela Selic no
total da dívida diminuiu.
No mês passado, a dívida líquida do setor público chegou a
R$ 1,040 trilhão, o que equivale
a 50,1% do PIB -mesma proporção registrada em agosto.
No começo do ano, essa relação
estava em 51,5%.
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