VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK

Pela terceira reunião consecutiva e sem surpresas, o Fed (banco central dos EUA) manteve a taxa de juros americana em 5,25% ao ano. A pausa, iniciada em agosto, interrompeu um ciclo de dois anos de altas.
No comunicado emitido ontem, o Fed manteve a cautela e repetiu a avaliação das duas decisões anteriores de que a economia americana desacelerou o ritmo de crescimento. Apesar de existirem potenciais pressões inflacionárias, avalia o Fed, fatores como a estabilização das commodities, sobretudo do petróleo, contribuem para conter a alta dos preços.
"As leituras do núcleo da inflação têm sido elevadas, e o alto nível de utilização de recursos tem potencial de sustentar as pressões inflacionárias. Contudo as pressões inflacionárias devem provavelmente moderar ao longo do tempo", diz o comunicado do Fed.
Economistas receberam com apreensão os índices de inflação em setembro. O resultado poderia levar o Fed a suspender a pausa e voltar a aumentar a taxa, ao contrário das previsões de corte até o fim do ano. O CPI (índice de preços ao consumidor) registrou deflação de 0,5% no mês passado, e o núcleo do índice, que exclui itens mais voláteis, como energia e alimentos, subiu 0,2%.
"De modo geral, o banco central não está satisfeito com os níveis de inflação e não quer dar sinais ao mercado. Há risco de aceleração da economia acima do que espera o Fed", afirmou Lynn Reaser, economista-chefe do Bank of America.
Como a decisão do Fed era amplamente esperada e a nota divulgada após a reunião não chegou a surpreender, o mercado financeiro reagiu com tranqüilidade.
Nos EUA, o índice Dow Jones subiu 0,06%. No Brasil, a Bovespa teve alta de 0,16%. O dólar caiu 0,23%, para R$ 2,146. A decisão de ontem não foi unânime. O presidente do Fed de Richmond, Jeffrey Lacker, propôs aumento de 0,25 ponto.