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Vale prevê reduzir dívida em três anos sem cortar projetos
Com a compra da canadense Inco, dívida da companhia brasileira deve saltar de US$ 5,8 bi para cerca de US$ 23 bi
Roger Agnelli, presidente da empresa, diz que não há planos de vender ativos; em 5 anos, grupo quer ser maior produtor mundial de níquel
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O pesado endividamento assumido para comprar a Inco
não assunta a Vale do Rio Doce:
a companhia espera, em três
anos, voltar a sua situação financeira anterior à aquisição
sem ter de cortar projetos nem
se desfazer de nenhum ativo.
Do Canadá, o presidente da
Vale, Roger Agnelli, disse, em
videoconferência, que "em três
anos, no máximo" a companhia
retornará ao patamar de endividamento de antes da oferta.
Para fechar o negócio, a Vale teve acesso a uma linha de crédito
de US$ 34 bilhões, amealhados
por um "pool" de 37 bancos europeus. Agnelli disse, porém,
que a companhia usará "no máximo" US$ 18 bilhões para concluir a operação -US$ 13,2 bilhões referentes à compra de
76% das ações fechada anteontem e o restante até o dia 3, data
final para os outros acionistas
aderirem à oferta.
Com a compra da Inco, a dívida da Vale saltou de US$ 5,8 bilhões para cerca de US$ 23 bilhões, segundo Fábio Barbosa,
diretor-executivo de finanças
da Vale. Indicador de solvência
e de capacidade de pagamento,
o nível de alavancagem da Vale
subiu de 80% da geração de caixa da companhia (de R$ 16,7 bilhões em 2005 e de R$ 8,9 bilhões no primeiro semestre de
2006) para duas vezes o que gera de recursos. O objetivo, diz, é
voltar aos 80% em três anos.
"A Vale do Rio Doce está
tranqüila em termos de alavancagem. Vamos pegar o empréstimo e rapidamente a gente
consegue reduzir o nível de alavancagem", disse Agnelli.
O empréstimo-ponte dos
bancos vence em dois anos. A
Vale quer alongar o débito em
até dez anos. Para isso, diz Barbosa, a companhia buscará vários instrumentos financeiros
em diferentes mercados (como
bônus e debêntures).
Diante do maior endividamento, agências de classificação de risco rebaixaram anteontem a nota da Vale, embora
tenham mantido a avaliação de
"grau de investimento".
Projetos mantidos
Agnelli ressaltou que nenhum projeto da companhia
será retardado ou interrompido para fazer frente ao pagamento de dívidas. Tampouco
ativos da Inco ou da Vale serão
colocados à venda, assegurou:
"Estamos comprando [a Inco].
Não estamos vendendo."
Todos os projetos em andamento, diz, serão feitos com a
geração de caixa tanto da nova
CVRD Inco como da Vale.
Baseada no Canadá, a CVRD
Inco irá assumir a gestão de todas as operações de níquel do
grupo, incluindo dois grandes
projetos em desenvolvimento
no Pará. Segundo Tito Martins,
diretor-executivo de Assuntos
Corporativos da Vale do Rio
Doce, o grupo produzirá, em
2011, 403 mil toneladas de níquel, de uma extração estimada
de 1,5 bilhão de toneladas em
todo o mundo. Naquele ano, a
Vale passará a ser a maior produtora mundial do minério.
O diretor Fábio Barbosa afirmou não ter dúvida que a empresa conseguirá comprar
100% das ações da Inco. A favor
da Vale, pesa o fato de a legislação canadense estabelecer que,
se a oferta for aceita por 90%
dos acionistas, os outros são
obrigados a vender também.
Agnelli reafirmou que os 10
mil empregados da Inco serão
mantidos. "Esperamos até aumentar esse número". Assegurou ainda que o atual presidente da Inco, Scott Hand, continuará à frente da nova empresa
CVRD Inco. "É o final de um
período de muita incerteza",
comemorou Hand, em referência a várias tentativas recentes
de compra e fusão da Inco.
Ontem as ações da Vale voltaram a subir: a PNA teve valorização de 1,54%, e a ON, 1,10%.
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