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AVIAÇÃO
Arnim Lore diz que seria "incompatível" continuar após conselho curador da FRB recusar acordo com os credores
Varig perde presidente, e crise se agrava
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de todo o Conselho de
Administração da FRB (Fundação Ruben Berta) ter renunciado
anteontem, a sua controlada Varig sofreu ontem mais uma baixa:
Arnim Lore, presidente da companhia, se demitiu, sob a alegação
de "divergências" com os acionistas controladores.
Lore, que também presidia o
conselho da FRB, afirmou ser "incompatível" continuar na Varig
após o conselho curador da FRB
ter recusado o acordo com os credores da empresa.
O acerto foi costurado pelo conselho e previa o perdão temporário de US$ 117 milhões -valor referente à parte da dívida da empresa, que soma US$ 900 milhões.
Lore e os demais ex-conselheiros -José Roberto Mendonça de
Barros, Luís Spínola e Clóvis Carvalho- disseram ontem, em entrevista coletiva, que estão deixando a fundação por causa de
um problema societário e de divergências com o acionista controlador, que não deu o aval ao
acordo com os credores.
Até as 19h de ontem, a FRB não
havia divulgado o substituto nem
de Lore na presidência da Varig
nem dos membros do conselho.
Questionado se ficaria na empresa por alguns dias, Lore disse que
sim e que não está saindo brigado.
Os ex-conselheiros afirmaram
que a empresa é viável, como indicam relatórios das auditorias
KPMG e Bain & Co, entregues ao
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Eles fizeram questão de ressaltar a qualidade operacional da
Varig. "É um problema de governança. É um problema societário.
Não de operação", disse Mendonça de Barros.
Apesar do otimismo, Lore havia
dito em outubro que o perdão das
dívidas "daria fôlego para a Varig
operar até o final do ano". Ontem,
ele evitou falar em problemas futuros de caixa se a capitalização
não sair ainda neste ano. "O cenário mudou. O dólar caiu. Houve
reajuste de passagens."
Segundo Spínola, a taxa de ocupação da empresa subiu para
mais de 60% -a maior do setor- após a integração com Rio
Sul e a Nordeste.
Com a saída dos conselheiros,
naufraga o acordo com os credores que proporcionaria um alívio
temporário de US$ 117 milhões na
dívida da empresa. Depois de fechado o acordo, a participação da
FRB na Varig cairia de 87% para
20%, segundo cálculos de especialista do setor.
O perdão valeria até o dia 30
deste mês, prazo dado pelo
BNDES para concluir a avaliação
dos relatórios e dar um parecer
sobre a capitalização da empresa.
Mas poderia ser prorrogado, segundo os ex-conselheiros. Do
BNDES, é esperada a participação
com um terço do valor a ser aportado -cerca de US$ 500 milhões.
"Ficamos absolutamente surpresos e perplexos com a recusa
da fundação [em assinar o acordo". Para nossa surpresa, a fundação sempre se recusou a discutir o
assunto", disse Mendonça.
Lore assumiu o comando da
Varig em agosto com o objetivo
de dar credibilidade ao processo
de capitalização da empresa. Era,
na época, um nome que agradava
tanto à FRB como aos credores.
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