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FÔLEGO CURTO
Segundo o banco, redução das taxas cobradas de empresas e de pessoas físicas passará a ser menos "pronunciada"
Queda do juro bancário será mais lenta, diz BC
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da intenção do governo
de baratear o crédito no país, o
Banco Central não vê espaço para
que os juros cobrados pelos bancos caiam de forma muito acentuada no curto prazo. A avaliação
foi feita ontem pelo chefe do Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes. "Vamos continuar observando quedas, mas essas quedas não serão tão pronunciadas assim", afirmou.
Segundo o BC, os juros no Brasil
são elevados por causa de fatores
como a carga tributária e a margem de lucro dos bancos. "O
"spread" é composto por vários
itens, como os impostos, diretos e
indiretos, as despesas administrativas e a margem líquida dos bancos. Por enquanto, não há indícios de que vá haver uma redução
nesses itens", afirmou Lopes.
Por isso, a expectativa é que as
taxas não registrem quedas expressivas no curto prazo.
"Spread" é a diferença entre o
custo de captação dos bancos e a
taxa efetiva cobrada dos clientes.
Com suas declarações, Lopes
indica que as taxas aos tomadores
finais só cairão no ritmo dos últimos meses se esses fatores mudarem. E disse que o poder do BC de
modificá-los "não é tão grande".
Entre dezembro de 2002 e outubro passado, os juros bancários
médios recuaram de 51% ao ano
para 48,6%. No mesmo período, a
taxa Selic passou de 25% ao ano
para 19%. Na semana passada, o
BC voltou a reduzir a taxa, que
hoje está em 17,5% ao ano.
A Selic é usada nos empréstimos de curto prazo que o Banco
Central e os bancos negociam entre si. É chamada de taxa básica da
economia porque está ligada ao
custo dos bancos para captar dinheiro, o que afeta as taxas de seus
clientes.
Lopes citou o elevado "spread"
como um dos principais obstáculos à queda dos juros bancários.
Dos 48,6% ao ano de juros cobrados pelos bancos em outubro,
30,5 pontos percentuais correspondiam ao "spread" -apenas
0,6 ponto a menos do que o registrado em dezembro de 2002.
Pouca concorrência
O chefe do BC citou a nova Lei
de Falências e a reforma tributária
como fatores que colaborariam
para a queda do "spread", mas
disse que pouco pode ser feito para reduzir a margem de lucro dos
bancos nessas operações. Um dos
fatores que poderiam mudar esse
quadro seria o aumento da concorrência entre os bancos, que
Lopes reconheceu ser restrita no
Brasil. "Existe concorrência, mas
ela não é muito elevada."
A expectativa do mercado em
relação ao comportamento da Selic futura também poderia ser, segundo Lopes, um dos fatores que
explicariam por que a queda dos
juros bancários não acompanhou
as reduções na taxa básica. Se os
bancos acreditam que a Selic irá
subir dentro de um ano, irão cobrar juros mais altos nos empréstimos que tenham esse vencimento, mesmo que a taxa permaneça
inalterada no curto prazo.
Outra possibilidade seria considerar que existe uma defasagem
de tempo entre o corte na Selic e a
redução nos juros bancários.
Lopes, porém, disse que isso
não se observa atualmente. "Uma
grande parcela disso [do corte recente na Selic] já foi incorporada
[aos juros dos bancos]."
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