UOL


São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FÔLEGO CURTO

Segundo o banco, redução das taxas cobradas de empresas e de pessoas físicas passará a ser menos "pronunciada"

Queda do juro bancário será mais lenta, diz BC

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da intenção do governo de baratear o crédito no país, o Banco Central não vê espaço para que os juros cobrados pelos bancos caiam de forma muito acentuada no curto prazo. A avaliação foi feita ontem pelo chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. "Vamos continuar observando quedas, mas essas quedas não serão tão pronunciadas assim", afirmou.
Segundo o BC, os juros no Brasil são elevados por causa de fatores como a carga tributária e a margem de lucro dos bancos. "O "spread" é composto por vários itens, como os impostos, diretos e indiretos, as despesas administrativas e a margem líquida dos bancos. Por enquanto, não há indícios de que vá haver uma redução nesses itens", afirmou Lopes.
Por isso, a expectativa é que as taxas não registrem quedas expressivas no curto prazo. "Spread" é a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes.
Com suas declarações, Lopes indica que as taxas aos tomadores finais só cairão no ritmo dos últimos meses se esses fatores mudarem. E disse que o poder do BC de modificá-los "não é tão grande".
Entre dezembro de 2002 e outubro passado, os juros bancários médios recuaram de 51% ao ano para 48,6%. No mesmo período, a taxa Selic passou de 25% ao ano para 19%. Na semana passada, o BC voltou a reduzir a taxa, que hoje está em 17,5% ao ano.
A Selic é usada nos empréstimos de curto prazo que o Banco Central e os bancos negociam entre si. É chamada de taxa básica da economia porque está ligada ao custo dos bancos para captar dinheiro, o que afeta as taxas de seus clientes.
Lopes citou o elevado "spread" como um dos principais obstáculos à queda dos juros bancários. Dos 48,6% ao ano de juros cobrados pelos bancos em outubro, 30,5 pontos percentuais correspondiam ao "spread" -apenas 0,6 ponto a menos do que o registrado em dezembro de 2002.

Pouca concorrência
O chefe do BC citou a nova Lei de Falências e a reforma tributária como fatores que colaborariam para a queda do "spread", mas disse que pouco pode ser feito para reduzir a margem de lucro dos bancos nessas operações. Um dos fatores que poderiam mudar esse quadro seria o aumento da concorrência entre os bancos, que Lopes reconheceu ser restrita no Brasil. "Existe concorrência, mas ela não é muito elevada."
A expectativa do mercado em relação ao comportamento da Selic futura também poderia ser, segundo Lopes, um dos fatores que explicariam por que a queda dos juros bancários não acompanhou as reduções na taxa básica. Se os bancos acreditam que a Selic irá subir dentro de um ano, irão cobrar juros mais altos nos empréstimos que tenham esse vencimento, mesmo que a taxa permaneça inalterada no curto prazo.
Outra possibilidade seria considerar que existe uma defasagem de tempo entre o corte na Selic e a redução nos juros bancários.
Lopes, porém, disse que isso não se observa atualmente. "Uma grande parcela disso [do corte recente na Selic] já foi incorporada [aos juros dos bancos]."


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Volume de crédito aumenta 13,5%
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.