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CURTO-CIRCUITO
Estatal não vai insistir em arresto de ações
Eletrobrás deixa de ser obstáculo ao acordo entre a AES e o BNDES
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A Eletrobrás, holding estatal do
setor elétrico, não será mais obstáculo à assinatura do acordo entre o BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) e a AES sobre a dívida de
US$ 1,2 bilhão (sem encargos)
que a empresa americana, dona
da Eletropaulo, tem com o banco.
A estatal não deverá insistir no
arresto das ações da Eletropaulo
pertencentes à AES como garantia do pagamento de dívidas de
aproximadamente R$ 550 milhões que a Eletronet tem com
fornecedores. A Eletronet, empresa de transmissão de dados, é
controlada pela AES (51% do capital) e pela Lightpar, do grupo
Eletrobrás (49%).
A Eletronet estava em processo
falimentar desde maio deste ano
por decisão da Justiça do Rio, a
pedido da própria empresa. Em
junho, a massa falida obteve da
Justiça o arresto das ações da Eletropaulo e da Cemig pertencentes
à AES como garantia do pagamento das dívidas.
A decisão judicial atendia aos
interesses da Eletrobrás. A estatal
sustenta que a totalidade da dívida da Eletronet é de responsabilidade da AES. O argumento da estatal, contestado pela empresa
americana, é que sua participação
na sociedade não é financeira.
A Eletrobrás teria integralizado
sua parte na sociedade só com a
cessão de linhas de transmissão
para que, ao longo delas, a AES
instalasse os cabos de fibra ótica
que formam a rede de transmissão de dados da Eletronet.
Na semana passada, a 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do
Rio suspendeu a falência da Eletronet, sob o argumento de que,
como prestadora de serviço público, ela não poderia pedir a própria falência. A suspensão foi pedida pela Lucent, credora da Eletronet.
Ontem, a mesma instância judicial declarou "prejudicado" um
recurso da AES contra o arresto
das ações da Eletropaulo e da Cemig, considerando que, como a
falência da Eletronet havia sido
suspensa, o recurso da AES perdeu o objetivo.
O BNDES e a Eletrobrás vêm
negociando uma saída para que a
defesa dos interesses da empresa
elétrica não prejudique os do banco, já que ambos são empresas federais. O BNDES quer fechar até
dezembro o acordo pelo qual passará a ser dono de metade dos
principais bens da AES no Brasil.
A solução formal entre o banco
e a Eletrobrás ainda não foi anunciada. A Folha apurou que os advogados da Eletrobrás estudavam
até o começo da noite de ontem
uma fórmula para recorrer da
suspensão da falência da Eletronet, mas desistindo do arresto dos
bens da AES. Sem a falência, a Eletrobrás é sujeita a ser cobrada pelos débitos da empresa de cabos.
Em julho, o BNDES havia oferecido à Justiça títulos públicos para
serem postos sob custódia judicial
em substituição ao arresto das
ações da Eletropaulo. A proposta,
que não chegou a ser apreciada
pela Justiça, foi uma saída para
que a cobrança dos débitos da
AES pudesse prosseguir.
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