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BLOCO COMERCIAL
Chefe da missão dos EUA descarta idéia
Negociação da Alca não envolverá compensações, afirma americano
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O chefe da missão negociadora
norte-americana para a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas), Ross Wilson, afirmou
ontem que seu país não vai oferecer compensações a outras nações
pelo fato de os EUA não alterarem
a sua atual política interna de subsídios agrícolas.
Wilson disse ainda que um
maior acesso ao mercado norte-americano na Alca será obtido somente pelos países que "assumirem maiores obrigações" durante
as negociações.
As declarações de Wilson, dadas dias depois da reunião ministerial da Alca em Miami, considerada "um passo adiante" por Brasil e EUA, vão de encontro a posições fundamentais de autoridades brasileiras nas negociações.
Durante seminário ontem em
Washington, Wilson foi cobrado
pelo negociador argentino para a
Alca, José Octavio Bordon, para
que os EUA concedam "compensações" aos países envolvidos nas
negociações, pelas "distorções
causadas pelos subsídios agrícolas dos EUA".
A resposta de Wilson foi seca:
"Não gostamos desse tema. Não
estamos preparados para negociar nessas bases. Vamos negociar
apenas com base em direitos e
obrigações".
Durante as quase duas horas em
que durou o encontro entre Ross
e Bordon, o argentino colocou-se
o tempo todo ao lado do Brasil e
dos demais países do Mercosul
(Paraguai e Uruguai).
"Vamos agir com lealdade",
disse Bordon. Em seguida, o argentino voltou a dizer que "não se
pode falar em livre comércio com
subsídios para agricultura e indústrias não competitivas" -em
referência a setores como o de aço
nos EUA.
"A maior responsabilidade [para o sucesso da Alca] está nas
mãos dos EUA", disse Bordon.
Como os EUA se negam a negociar o fim de sua política de subsídios agrícolas na Alca, o Brasil
também já apresentou como alternativa "compensatória" reduções de tarifas dos EUA (caso do
suco de laranja) ou a elevação das
cotas para alguns produtos exportados para o mercado norte-americano (como carne, açúcar e
metanol).
Wilson também deixou claro
mais de uma vez que países como
o Brasil -que não aceitarem incluir na Alca regras estritas para
investimentos, propriedade intelectual e compras governamentais, entre outros temas- terão o
acesso ao mercado norte-americano limitado .
"Essa é a realidade e a regra:
quem quiser benefícios, terá de
aceitar obrigações", afirmou.
Há poucas semanas, depois de
reunir-se com os norte-americanos em Washington, o chanceler
brasileiro, Celso Amorim, afirmou que as negociações da Alca
"voltariam a um impasse" caso os
EUA bloqueassem o acesso ao seu
mercado para países que não
aceitassem uma Alca tão abrangente como querem os EUA.
A próxima reunião ministerial
da Alca está marcada para fevereiro de 2004.
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