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Para ONU, salários vão sofrer mais
Nações Unidas criticam planos contra crise por não fortalecerem remunerações
Não faz sentido pacotes investirem em consumo sem recompor poder de compra de trabalhador, diz autora de estudo da OIT
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A crise financeira mundial
terá impacto direto no bolso
dos trabalhadores assalariados,
sobretudo os mais pobres, prevê a ONU. A Organização das
Nações Unidas critica o fato de
os pacotes de estímulo econômico anunciados recentemente em vários países se concentrarem no consumo.
Segundo relatório da OIT
(Organização Internacional do
Trabalho), a erosão dos salários
avançará a uma velocidade até
maior que a retração da economia. Na média mundial, a previsão é que os reajustes salariais caiam de 1,7% neste ano
para 1,1% em 2009.
O Brasil é citado no relatório
como um dos países que conseguiram reduzir a distância entre os maiores e os menores salários nos últimos anos, embora a desigualdade continue alta.
O país também é elogiado por
ter promovido políticas de valorização do salário mínimo.
Para as economias emergentes, a OIT prevê um declínio
significativo nas correções salariais, de 4,5% em 2008 para
3,5% no próximo ano. Ainda assim, os economistas da organização avaliam que os países em
desenvolvimento são os que
evitarão uma perda salarial ainda maior na média global.
Nos desenvolvidos, alguns
deles já em recessão, a projeção
é que os reajustes salariais recuem 0,5% em 2009, após expansão modesta neste ano, de
0,8%. Planos econômicos
anunciados recentemente em
países como o Reino Unido
buscam incentivar o consumo
com cortes de impostos, mas
não tocam nos salários.
"Não estamos dizendo que
esses planos deveriam se concentrar nos salários, mas é claro que eles deveriam ser parte
da equação", disse Manuela Tomei, uma das autoras do estudo. Para ela, não faz sentido investir no consumo como solução para a crise, enquanto o poder de compra continua enfrentando corrosão.
Tradicionalmente, observou
a economista, os salários não
acompanham o crescimento do
PIB (Produto Interno Bruto)
nos períodos de prosperidade.
Segundo a OIT, para cada ponto percentual de crescimento
do PIB nos últimos dez anos,
houve só 0,7 ponto percentual
de aumento dos salários.
A conta inversa mostra que,
nos períodos de retração, para
cada ponto de declínio do PIB,
há 1,55 ponto de perda salarial.
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