São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2008

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Ricos terão pior recessão em mais de 25 anos, diz OCDE

Número de desempregados nos 30 países do grupo deve crescer em 8 milhões até 2010

Para reduzir o impacto da pior recessão desde o início dos anos 80, a OCDE propõe mais cortes nas taxas de juros e redução de tributos

DA REDAÇÃO

Em mais uma indicação de como a piora da crise financeira após a concordata do banco Lehman Brothers alterou o cenário econômico global, a OCDE (órgão que reúne 30 dos países mais ricos do mundo) reduziu as suas previsões e disse que vários membros caminham para a pior recessão em mais de 25 anos e que deve crescer em 8 milhões o número de desempregados até 2010.
Pela estimativa da entidade, EUA, Japão e zona do euro terão quatro trimestres consecutivos de contração econômica, assim como a própria OCDE, que deve ter retração de 0,4% no ano que vem. Há apenas duas semanas, ela falava que a economia do grupo se contrairia em 0,3% e, em junho (três meses antes da concordata do Lehman Brothers), estimava avanço de 1,7% no ano que vem.
A OCDE prevê que, dos 30 países que a compõem, só 11 conseguirão evitar uma recessão no ano que vem -entre eles, Coréia do Sul e Austrália- e que uma recuperação econômica, ainda que gradual, só deverá ocorrer a partir do segundo semestre de 2009. Ela diz que a desaceleração também vai abater países não-membros, como Brasil (leia texto abaixo), China e especialmente Rússia, que deve crescer 2,3% em 2009, 4,2 pontos percentuais menos que neste ano.
Já o número de desempregados nos 30 países deve saltar dos atuais 34 milhões para 42 milhões em 2010 -um avanço de 23,5%. Com isso, a taxa de desemprego do grupo vai crescer 1,3 ponto percentual nesse período, para 7,2%. Ao mesmo tempo, a inflação vai se desacelerar nos próximos dois anos e há um risco, "embora pequeno", de deflação.
Cenário parecido já tinha sido projetado no início deste mês pelo FMI, que previu que quase a totalidade das economias desenvolvidas entrará em uma recessão com duração mínima de um ano, o que não acontece desde o final da Segunda Guerra, em 1945.
A projeção da OCDE afirma, no entanto, que as suas estimativas estão sendo feitas em um cenário de incertezas "excepcionalmente grandes" e que leva em conta que o pior da crise financeira tenha curta duração, mas com efeitos até o final do ano que vem. Para os EUA, por exemplo, ela prevê retração econômica de 0,9% no ano que vem, que será a maior queda desde 1982, quando o país enfrentou uma das suas piores recessões. E a taxa de desemprego chegará, também em 2009, a 7,3%, a maior em 17 anos.
Para reduzir o impacto da pior recessão desde o início dos anos 80, a OCDE propõe mais cortes nas taxas de juros e redução de tributos. "Em tempos normais, a política monetária, e não a fiscal, seria o instrumento de preferência para a estabilização macroeconômica", diz o documento da entidade publicado ontem. "Mas estes não são tempos normais."


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