São Paulo, quinta-feira, 26 de dezembro de 2002

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ECONOMIA GLOBAL

Guerra rápida pode beneficiar economia, mas se barril de óleo passar de US$ 40 deve haver recessão

Guerra pode parar EUA por um semestre

MARTIN WOLF
"DO FINANCIAL TIMES"

As guerras no Oriente Médio causam maus momentos econômicos. Com uma guerra de americanos e britânicos para remover Saddam Hussein do poder cada vez mais próxima, será que 2003 será um caso de "déja vu"? Uma guerra bem sucedida poderia ser benéfica economicamente. Mas se alguma coisa sair errado, os problemas seriam sérios.
Mudanças no preço real do petróleo sempre acarretam mudanças no nível de desemprego. Os preços dispararam em 1974, depois da guerra do Yom Kippur (entre países árabes e Israel); em 1979, depois que o Iraque invadiu o Irã; e em 1990, depois que o Iraque invadiu o Kuait. Nas duas primeiras ocasiões, surgiram recessões. O crescimento também se desacelerou acentuadamente depois da terceira.
Para investigar o que poderia acontecer desta vez, é preciso começar pelo possível desenrolar da guerra. Anthony Cordesman, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington, preparou três cenários. Um caso benigno, que ele estima tenha 60% de chances; um caso intermediário, cuja probabilidade ele avalia em 30%; e um caso desastroso, com 10% de probabilidade.
No primeiro cenário, a coalizão aliada vence em menos de seis semanas, a Arábia Saudita aumenta sua produção e as instalações petroleiras da região são pouco danificadas. No segundo, a guerra dura entre 6 e 12 semanas, o Iraque causa danos limitados às instalações petroleiras e a Arábia Saudita oferece cooperação passiva quanto à produção de petróleo.
Sob o pior dos cenários, os combates duram até um semestre, o Iraque causa danos significativos às instalações petroleiras e ataca as tropas aliadas e Israel com armas de destruição em massa. A guerra causa efeito duradouro sobre a produção de petróleo.
No melhor cenário, em caso de derrota rápida do Iraque, a guerra teria efeito positivo sobre a economia a partir do segundo semestre de 2003. Mas, se o preço do barril passar de US$ 40 e continuar, como está, acima de US$ 30 até 2004, o crescimento dos EUA cai a zero ao menos no primeiro semestre do ano que vem.


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