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ECONOMIA DE GUERRA
Conflito longo e paz complicada causaria recessão grave
Barril de petróleo a US$ 40 indica crise no pós-guerra
DO "FINANCIAL TIMES"
O efeito da guerra de americanos e britânicos contra o Iraque
depende básica e obviamente do
preço do barril de petróleo. Na última guerra do Golfo Pérsico, o
aumento no preço do petróleo
aconteceu depois que o Iraque invadiu o Kuait, mas o preço caiu
acentuadamente quando a guerra
começou. Em termos reais, o custo de um barril de petróleo saltou
de US$ 23 em julho de 1990 para
uma média de US$ 47 em outubro
do mesmo ano. Em fevereiro de
1991, com a guerra em curso, caíra
para US$ 25.
Desta vez, o preço subiu de cerca de US$ 19 no final do ano passado para cerca de US$ 30. O aumento foi proporcionalmente
menor e também ficou em nível
real bem inferior ao de 1990, em
parte porque a economia mundial está fraca. Mesmo assim, uma
guerra bem sucedida pode vir,
uma vez mais, a causar redução
do preço, dado o fim da incerteza.
Supondo que haja guerra no
primeiro trimestre de 2003, o preço de um barril de petróleo cru
aumentará para cerca de US$ 36,
no cenário benigno. Depois cairá
para o nível básico de um período
de paz no segundo trimestre. Sob
o cenário intermediário, o preço
passa dos US$ 40 e continua acima dos US$ 30 até pelo menos o
final de 2004. No pior dos casos, o
barril chega a US$ 80, antes de cair
a US$ 35 no final de 2004.
Sob os três cenários para a guerra, o preço esperado do petróleo
(preço projetado multiplicado
por sua probabilidade) para o primeiro trimestre de 2003 é de cerca
de US$ 42. Para fins de comparação, o preço de pico em 1974 e
1990, a valores atuais, foi de cerca
de US$ 40, enquanto o pico histórico de preço foi atingido em 1979,
a US$ 95.
Um aumento nos preços do petróleo reduz a renda real e a riqueza real, comprime lucros e transfere renda aos países produtores
de petróleo, fatores que podem
causar redução do crescimento
econômico. A maneira pela qual
as autoridades responderão a isso
depende em larga medida da taxa
de inflação vigente, a qual dependerá do preço do petróleo, e da
disposição dos governos para agir
de modo preventivo.
Uma guerra bem sucedida poderia reduzir a incerteza a menos
que o nível existente sem uma
guerra. Mas um conflito prolongado e destrutivo, seguido por
uma dispendiosa e complicada
paz parcial, aumentaria a incerteza, solaparia a confiança já abalada dos consumidores e dos empresários e tenderia a reduzir os
preços dos ativos de risco. Isso
tornaria ainda pior qualquer redução do crescimento.
Um exercício de simulação conclui que o desfecho benigno tem
efeito positivo sobre Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados
Unidos e do resto do mundo a
partir do terceiro trimestre de
2003. Mas mesmo o desfecho intermediário reduz o crescimento
do PIB norte-americano a quase
zero no primeiro semestre do ano
que vem. Exerce, igualmente, impacto negativo no restante do
mundo, embora não tão sério
quanto nos Estados Unidos.
Mas se o preço do petróleo ultrapassar os US$ 80 depois de danos significativos a instalações de
produção na Iraque e outras partes do Golfo Pérsico, e os Estados
Unidos se virem envolvidos em
uma guerra longa e confusa, a
economia norte-americana provavelmente cairá em profunda recessão. O crescimento anualizado
cairia para menos 4% no segundo
trimestre de 2003. O restante do
mundo também entraria em recessão, se bem que mais amena
que a dos Estados Unidos.
As conclusões mais amplas são
convincentes. Uma guerra rápida
e vitoriosa teria impacto negativo
zero sobre a economia mundial
no curto prazo e poderia estimulá-la no final do ano que vem.
Uma guerra longa, prolongada e
destrutiva teria efeito devastador.
Se a guerra não acabar logo, mas
ainda assim for vitoriosa, o crescimento econômico seria de praticamente zero no começo de 2003.
Do sucesso dos planos de guerra
agora em preparação depende
não só a segurança do mundo
mas também sua estabilidade
econômica. Se a guerra for deflagrada no começo de 2003, devemos torcer que termine logo, com
vitória e perdas mínimas de vida e
impacto mínimo sobre o óleo e
sobre a atividade econômica.
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