São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SALTO NO ESCURO

Consumidor residencial que gasta acima desse limite teve mais problemas para cumprir as metas do racionamento

"Vilão" consumiu mais de 500 kWh/mês

Carlos Roberto/"Hoje em dia"
Cemig começa a ativar a iluminação pública em Belo Horizonte após liberação do governo federal


HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A classe média que consome energia acima de 500 kWh/mês foi a "vilã" do racionamento iniciado em junho. Pesquisa da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) indica que o grupo teve mais problema para cumprir a meta de redução do consumo.
Já os consumidores residenciais que gastam entre 100 kWh/mês e 500 kWh/mês foram os "heróis": estão entre os que mais se esforçaram para poupar energia.
Os maiores problemas enfrentados para diminuir o consumo e evitar o apagão no país, no entanto, concentraram-se nas classes de consumo denominadas serviço público -trens, metrô e saneamento, por exemplo-, nos poderes públicos federais e estaduais -prédios públicos- e na iluminação pública.
Desde o início do racionamento, esses consumidores apresentaram os maiores índices de descumprimento de meta. Em julho, houve recorde de descumprimento para iluminação pública -13 das 28 distribuidoras do Sudeste e Centro-Oeste não conseguiram cumprir a meta de redução de 35% nas vias públicas e monumentos das cidades.
Na semana passada, o governo acabou com o racionamento para a iluminação pública.
A indústria, segundo a Aneel, cumpriu as metas de consumo de energia. Essa classe de consumidores, no entanto, contou com facilidades para conseguir se adequar às suas metas. Entre elas, a possibilidade de comprar a energia economizada por outras indústrias (certificados de energia).
No Sudeste e Centro-Oeste, o melhor desempenho no racionamento até dezembro ficou com a classe residencial que gasta entre 100 e 200 kWh/mês. Em junho, 6 das 28 distribuidoras que atuam na região tiveram a meta estourada nesse segmento. Mas de julho a dezembro, a meta foi cumprida em todas as distribuidoras.
Na região Nordeste, o melhor desempenho ficou com a classe residencial que gasta até 100 kWh/mês. Em junho, apenas uma distribuidora das 12 que atuam na região não cumpriu a meta para esse segmento. De julho a dezembro, a meta foi cumprida. É o melhor desempenho de todas as classes de consumo do racionamento nas regiões analisadas -Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
Já no Sudeste e Centro-Oeste, os consumidores residenciais que gastam até 100 kWh/mês não tiveram desempenho tão bom quanto os do Nordeste. Eles estouraram a meta em mais distribuidoras do que aqueles que estão na mesma classe, mas que gastam até 500 kWh/mês.
No primeiro mês do racionamento, os consumidores residenciais das regiões Sudeste e Centro-Oeste que gastam até 100 kWh/ mês tiveram dificuldade em se adaptar. Eles estouraram a meta de 12 das 28 distribuidoras. A partir de julho, no entanto, melhoraram o desempenho.

Classe média alta
A cada mês, desde junho, os consumidores residenciais que gastam mais de 500 kWh/mês estouraram a meta, em média, em cinco distribuidoras de energia, de um total de 28 nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. No Nordeste, a cada mês, em média, pelo menos quatro distribuidoras (de um total de 12) registravam estouro da meta desse consumidor.
O governo chegou a detectar o problema e determinou que as distribuidoras de energia do Nordeste -onde o descumprimento de meta estava mais grave- concentrassem os cortes por desrespeito ao racionamento nessa faixa de consumo. A medida deu resultado em dezembro, quando apenas uma distribuidora da região registrou descumprimento de meta nesse segmento.



Texto Anterior: Lições contemporâneas - Luiz Gonzaga Belluzzo: Assim é se lhe parece
Próximo Texto: Negociações na OMC: Brasil oferece serviços em troca de abertura agrícola
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.