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Publicitários tentam inverter resultados de 2001, mas alertam que, sem aumento de renda, mercado não se aquece
Agência espera crescer 5% com Copa e voto
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano da Copa do Mundo e
das eleições presidenciais, a publicidade brasileira vai tentar inverter o decepcionante resultado de
2001 explorando os dois eventos.
As estimativas já foram feitas:
espera-se que cada candidato à
Presidência gaste de R$ 4 milhões
a R$ 5 milhões só em comunicação e mídia. Com a Copa do Mundo da Coréia-Japão, mais dinheiro entrará no mercado. Empresas
de bebidas e alimentos devem
aplicar mais verbas publicitárias
durante o período em que a seleção brasileira entra em campo.
Agências de propaganda esperam crescimento de 5% a 10% no
faturamento do setor, que atingiu
cerca de R$ 13,5 bilhões em 2001.
Naquele ano, os publicitários tinham perspectivas bem positivas:
esperavam uma expansão de 8% a
10% nos negócios. Conseguiram
apenas a metade disso. Para 2001,
eles dizem que não erram de novo
na aposta.
"Temos os "achismos" e as tendências. Uma análise mais fria
aponta para uma expansão igual
àquela de 2000", diz Alexandre
Gama, presidente da Neogama,
dona das contas do Bradesco e do
Ponto Frio. Naquele ano, o mercado teve crescimento real superior a 10%.
Na corrida por parte do "bolo",
as agências estão de olho principalmente nas receitas que serão
geradas com o evento Copa do
Mundo -e menos nas eleições
presidenciais. Explica-se: de 10 a
15 agências apenas, de um total de
mais de 270 associadas à Abap -
entidade que representa o setor-
, registrarão aumento nos negócios por conta das campanhas políticas. A estimativa é das próprias
agências ouvidas pela Folha.
Na seleta lista estão Nizan Guanaes, que fez a campanha de Roseana Sarney decolar, o publicitário Duda Mendonça, ligado ao
PT, e Nelson Biondi, que trabalha
para os tucanos.
Pelas contas do publicitário Einhart Jácome da Paz, cunhado do
candidato Ciro Gomes, só em comunicação uma campanha presidencial custa, em média, R$ 4 milhões por candidato. No total, o
gasto de um candidato atinge R$
60 milhões.
Alguns publicitários, entretanto, são mais otimistas e acreditam
que a eleição deste ano pode ser
benéfica a todos. "Tradicionalmente, em anos de eleição o desemprego cai um pouco, pois surgem mais vagas temporárias, e o
consumo tende aumentar. Consequentemente, as empresas acabam gastando mais em propaganda na tentativa de ganhar novos consumidores", explica Silvio
matos, presidente da agência
Newcommbates.
Futebol com resultados
Quem não abocanhará parte do
montante destinado à eleição
concentrará os esforços em ações
que começam a pipocar em maio.
São aquelas com o foco voltado
para a Copa.
Empresas como Itaú e Volkswagen fecharam as cotas de patrocínio para propaganda das marcas
nos intervalos dos jogos. Segundo
a área comercial da Rede Globo, já
foram fechadas quatro cotas -no
valor total de R$ 35 milhões-
com Ambev, Coca-Cola e Volks.
A Globo espera uma elevação de
5% a 7% em seu faturamento por
conta do evento.
Tradicionais anunciantes em
eventos esportivos, empresas de
bebidas, roupas esportivas e aparelhos eletroeletrônicos começam
a preparar as ações de marketing
no primeiro trimestre. Em 98
(Mundial da França), a Philips ficou com campanhas na TV, com
foco no evento, durante cinco meses e teria gasto cerca de R$ 10 milhões na ação de mídia.
Para este ano, espera-se que as
empresas gastem 5% a mais do
que na Copa de 98, dizem as agências. Mas os números são estimativas. "Sem elevação na renda e
estabilidade econômica nos próximos meses, não haverá Copa do
Mundo qualquer que possa reaquecer o mercado", disse Jens
Olensen, presidente da McCann-Erickson, a maior agência do país.
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