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São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 2003

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FINANÇAS

Iminência de conflito entre EUA e Iraque dita humor dos mercados, que ignoram até as boas notícias no Brasil

Investidor aguarda definição da guerra

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O confronto dos EUA com o Iraque deve continuar como principal fio condutor dos mercados nesta semana. Os preços dos ativos podem continuar a oscilar fortemente ao sabor da instabilidade externa.
Eventuais boas notícias locais tendem a ser ignoradas, como na sexta-feira passada, enquanto persistirem as incertezas.
"A tendência seria Bolsa e câmbio melhorarem, mas, com a iminência de guerra, nada melhora o humor", diz Maurício Zanella, diretor do Lloyds TSB.
A sinalização dos EUA de que poderá atacar sem o aval da ONU deteriorou as expectativas.
Amanhã, o presidente George W. Bush faz o discurso anual sobre o estado da União, que, para analistas, poderá ser usado para anunciar o início da guerra. "Investidores estão aguardando para ver como a guerra será", diz Pedro Martins, do JP Morgan.
Com a indefinição, uma certeza: quem aplica com horizonte de longo prazo foge de ações.
"Nem mesmo bons resultados das empresas e de indicadores ajudam com clima de pavor", diz Gregório Rodriguez, da Socopa.
"Teremos alta volatilidade. Pode subir por algum resultado bom e cair de novo", concorda Zanella.
A Bovespa caiu 7,64%, para 10.783 pontos, na última semana. Dow Jones, da Bolsa de Nova York, perdeu 5,31% no mesmo período. O índice FTSE 100, de Londres, fechou aos 3.604 pontos, seu pior nível em quase sete anos.
Muitos analistas diziam que o risco de guerra já estava embutido nos preços dos ativos, mas a perspectiva de os EUA atacarem sem o respaldo de uma coalizão, como ocorreu na Guerra do Golfo, em 1991, aumenta a possibilidade de o conflito se prolongar, com a ocorrência de retaliações.
Se a guerra for longa, cresce o risco de desabastecimento de petróleo, com consequências piores para a economia mundial e investidores mais avessos ao risco.
Para a reunião do Fed (BC dos EUA) na quarta, espera-se a manutenção dos juros em 1,25%.

Mercado interno
As boas notícias nacionais foram ignoradas na sexta-feira. Nem a perspectiva do anúncio do superávit primário -na próxima quinta-feira-, o alto volume de captações externas (só Telemar captou US$ 550 milhões) e o fechamento do acordo do PMDB para a indicação do senador José Sarney para presidir o Senado ajudaram a conter a escalada do dólar (alta de 2,83%, a R$ 3,63) e a derrocada da Bolsa na sexta. Um risco é as empresas se apavorarem e buscarem hedge (proteção).
"Não haverá vendedor, dada a instabilidade, e a cotação subirá mais. Eu não faria hedge, já está muito caro. Não compensa, em meio à turbulência", diz Zanella.
Caso a guerra seja rápida e restrita ao Iraque, os preços dos ativos brasileiros devem melhorar. A tendência pós-guerra (curta) pode ser interessante, dizem analistas. Antes da Guerra do Golfo, investidores americanos venderam ações e voltaram às compras logo que o Iraque foi atacado.
A ata da última reunião do Copom, a primeira do novo governo, que será conhecida na quinta-feira, deve reforçar o compromisso com a austeridade monetária.

TCO
A Animec (Associação Nacional dos Investidores do Mercado de Capitais) anunciou que entrará amanhã com representação na CVM contra o que considera "um fechamento branco de capital da Tele Centro Oeste (TCO)". Segundo Rodriguez, da Animec, os minoritários da TCO não aceitam a troca compulsória de papéis da companhia por ações da Telesp Celular Participações.

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