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FINANÇAS
Iminência de conflito entre EUA e Iraque dita humor dos mercados, que ignoram até as boas notícias no Brasil
Investidor aguarda definição da guerra
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O confronto dos EUA com o
Iraque deve continuar como principal fio condutor dos mercados
nesta semana. Os preços dos ativos podem continuar a oscilar
fortemente ao sabor da instabilidade externa.
Eventuais boas notícias locais
tendem a ser ignoradas, como na
sexta-feira passada, enquanto
persistirem as incertezas.
"A tendência seria Bolsa e câmbio melhorarem, mas, com a iminência de guerra, nada melhora o
humor", diz Maurício Zanella, diretor do Lloyds TSB.
A sinalização dos EUA de que
poderá atacar sem o aval da ONU
deteriorou as expectativas.
Amanhã, o presidente George
W. Bush faz o discurso anual sobre o estado da União, que, para
analistas, poderá ser usado para
anunciar o início da guerra. "Investidores estão aguardando para
ver como a guerra será", diz Pedro Martins, do JP Morgan.
Com a indefinição, uma certeza:
quem aplica com horizonte de
longo prazo foge de ações.
"Nem mesmo bons resultados
das empresas e de indicadores
ajudam com clima de pavor", diz
Gregório Rodriguez, da Socopa.
"Teremos alta volatilidade. Pode subir por algum resultado bom
e cair de novo", concorda Zanella.
A Bovespa caiu 7,64%, para
10.783 pontos, na última semana.
Dow Jones, da Bolsa de Nova
York, perdeu 5,31% no mesmo
período. O índice FTSE 100, de
Londres, fechou aos 3.604 pontos,
seu pior nível em quase sete anos.
Muitos analistas diziam que o
risco de guerra já estava embutido
nos preços dos ativos, mas a perspectiva de os EUA atacarem sem o
respaldo de uma coalizão, como
ocorreu na Guerra do Golfo, em
1991, aumenta a possibilidade de
o conflito se prolongar, com a
ocorrência de retaliações.
Se a guerra for longa, cresce o
risco de desabastecimento de petróleo, com consequências piores
para a economia mundial e investidores mais avessos ao risco.
Para a reunião do Fed (BC dos
EUA) na quarta, espera-se a manutenção dos juros em 1,25%.
Mercado interno
As boas notícias nacionais foram ignoradas na sexta-feira.
Nem a perspectiva do anúncio do
superávit primário -na próxima
quinta-feira-, o alto volume de
captações externas (só Telemar
captou US$ 550 milhões) e o fechamento do acordo do PMDB
para a indicação do senador José
Sarney para presidir o Senado
ajudaram a conter a escalada do
dólar (alta de 2,83%, a R$ 3,63) e a
derrocada da Bolsa na sexta. Um
risco é as empresas se apavorarem
e buscarem hedge (proteção).
"Não haverá vendedor, dada a
instabilidade, e a cotação subirá
mais. Eu não faria hedge, já está
muito caro. Não compensa, em
meio à turbulência", diz Zanella.
Caso a guerra seja rápida e restrita ao Iraque, os preços dos ativos brasileiros devem melhorar.
A tendência pós-guerra (curta)
pode ser interessante, dizem analistas. Antes da Guerra do Golfo,
investidores americanos venderam ações e voltaram às compras
logo que o Iraque foi atacado.
A ata da última reunião do Copom, a primeira do novo governo, que será conhecida na quinta-feira, deve reforçar o compromisso com a austeridade monetária.
TCO
A Animec (Associação Nacional
dos Investidores do Mercado de
Capitais) anunciou que entrará
amanhã com representação na
CVM contra o que considera "um
fechamento branco de capital da
Tele Centro Oeste (TCO)". Segundo Rodriguez, da Animec, os minoritários da TCO não aceitam a
troca compulsória de papéis da
companhia por ações da Telesp
Celular Participações.
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