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RENDA FIXA
Exigência do Banco Central pega bancos e investidores de surpresa; rentabilidade média dos fundos fica em 15,74%
Susto sacode aplicação e afeta rendimento
FREE-LANCE PARA A FOLHA
No ano passado, muitos investidores de perfil mais conservador, acostumados a deixar seu dinheiro em operações de renda fixa consideradas de baixo risco,
tomaram um susto: em maio, viram as cotas dos seus fundos serem puxadas para baixo. O reflexo também se estendeu aos fundos DI, os de menor risco do mercado.
O baque ocorreu porque muitos
fundos não estavam atualizando
diariamente o valor dos títulos
públicos prefixados e pós-fixados
que tinham na carteira. Com economia brasileira imersa em um
cenário de pontuado de incertezas, as taxas de juros dos títulos
públicos prefixados acabaram subindo muito.
Isso fez com que os papéis emitidos há mais tempo, com taxas
mais baixas, acabassem sendo
desvalorizados naquele momento. Quanto mais distante o prazo
de vencimento dos papéis, maior
era a desvalorização.
Em razão disso, o valor dos papéis públicos pós-fixados também passou a ser desvalorizado
pelo mercado. Como muitos fundos não estavam atualizando isso
diariamente, o Banco Central exigiu que isso fosse feito. A consequência imediata da medida foi
perda de rentabilidade. Os papéis
de instituições privadas continuaram fora dessa exigência.
Títulos privados
Em 2002, a rentabilidade média
dos fundos de renda fixa foi de
15,74%. Ficou abaixo do IRFM
(Índice de Renda Fixa de Mercado), que mede a variação dos títulos prefixados do governo, que estacionou em 20,05%. Entre os que
foram os mais rentáveis, porém, a
alta girou entre 18% e 20%.
O BNP Paribas High Yield II FIF
(rebatizado de BNP Paribas II
FIF) foi um dos que obtiveram as
maiores altas, chegando a render
20,58%. O diferencial desse fundo
em relação aos seus similares do
mercado é que ele tem 80% da sua
carteira em títulos prefixados privados. Eles alcançam na média
uma rentabilidade mais elevada
do que os públicos, já que o risco
de esses papéis não serem
honrados é maior.
Segundo Gilberto Kfoury, diretor da BNP Paribas Asset Management, as operações do fundo
são compromissadas. "Emprestamos para instituições privadas,
mas elas nos oferecem como garantia títulos públicos", explica.
Outro fundo que se destacou, o
Tática Over, da Tática Asset Management, é um FAQ, ou seja, um
fundo que investe em outros fundos. Ele rendeu 20,37%. Segundo
o diretor Dany Rappaport, a política é manter 50% da sua carteira
em ativos muito conservadores,
como papéis pós-fixados, e de
prazo de vencimento curto. Os
outros 50% são destinados a operações mais arriscadas.
A Pactual Asset Management
teve três fundos de renda fixa entre os dez mais rentáveis na faixa
com aplicação mínima entre R$
20 mil e R$ 100 mil. O FIF Pactual
Capital Markets aplica entre 10%
e 20% da sua carteira em papéis
privados de cinco ou seis emissores. "O perfil é efetivamente mais
conservador", diz Rodrigo Xavier, da Pactual.
O FIF Pactual High Yield, que
tem a gestão mais ativa dos três,
também pode manter, dependendo do momento, uma parcela do
patrimônio em papéis privados.
Além disso, aplica em câmbio e
em papéis da dívida, além de títulos prefixados.
Outro fundo que se destacou, o
Pactual Fix, é referenciado ao
IRFM. Por isso, mantém 100% da
sua carteira em títulos públicos
prefixados.
(SILVANA MAUTONE)
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