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PIB da América Latina perde fôlego
MARCELO STAROBINAS
DE LONDRES
A economia brasileira deve
mostrar mais fôlego que às dos
demais países da América Latina
em 2002. Apesar disso, segundo a
consultoria britânica Economist
Intelligence Unit (EIU), o Brasil e
a região enfrentarão mais um ano
de dificuldades.
Na nova edição de seu guia
anual "Latin America at a Glance", voltado para empresas com
interesses em realizar negócios na
região, a EIU prevê um crescimento econômico médio da ordem de 1% em 2002.
"O ano passado foi muito ruim
para a América Latina (crescimento médio nulo)", disse à Folha John Bowler, diretor da EIU
para assuntos latino-americanos.
"E este ano não será muito melhor."
O relatório, porém, faz previsões de uma retomada geral de
crescimento em 2003 (3,7%) e
2004 (4,3%), o que deve levar a
uma média anual regional de
2,9% no período 2001-2006.
O cenário geral da economia
mundial deve ser o fator determinante das possibilidades de recuperação dos países da região este
ano. Para Bowler, um eventual
reaquecimento da economia dos
EUA seria seguido de aumento no
comércio internacional, o que traria benefícios a todos.
A segunda variável mais importante a ser acompanhada este ano,
na visão da EIU, são os efeitos da
crise argentina sobre seus vizinhos. A publicação projeta uma
recessão de 7,5% na Argentina em
2002, com uma lenta reação a partir do segundo semestre de 2003.
"Apesar de ter sido afetado (pela Argentina) nos primeiros nove
meses do ano passado, o Brasil
tem sido notoriamente estável
desde outubro. O país saiu-se
muito bem nesse teste", declarou
o analista britânico.
A economia chilena também
conseguiu escapar por enquanto
dos efeitos colaterais do terremoto argentino, diz a EIU, graças em
parte à alta do preço do cobre no
mercado internacional.
Segundo as projeções contidas
na publicação lançada ontem, o
Produto Interno Bruto (PIB) do
Brasil deve crescer este em cerca
de 2,5%. "É melhor que o desempenho do ano passado, mas ainda
bem abaixo do potencial do país",
observou Bowler.
Uma das tendências econômicas destacadas pela publicação é
uma nova onda de questionamentos sobre as reformas liberalizantes conduzidas pela maioria
dos governos latino-americanos
nos anos 90.
A derrocada da Argentina estaria estimulando um novo olhar
sobre um modelo antes visto como bem-sucedido.
"A Argentina foi por um longo
tempo um modelo para a gestão
da política econômica, e acabou
nessa bagunça", disse Bowler.
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