São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2002

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PIB da América Latina perde fôlego

MARCELO STAROBINAS
DE LONDRES

A economia brasileira deve mostrar mais fôlego que às dos demais países da América Latina em 2002. Apesar disso, segundo a consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU), o Brasil e a região enfrentarão mais um ano de dificuldades.
Na nova edição de seu guia anual "Latin America at a Glance", voltado para empresas com interesses em realizar negócios na região, a EIU prevê um crescimento econômico médio da ordem de 1% em 2002.
"O ano passado foi muito ruim para a América Latina (crescimento médio nulo)", disse à Folha John Bowler, diretor da EIU para assuntos latino-americanos. "E este ano não será muito melhor."
O relatório, porém, faz previsões de uma retomada geral de crescimento em 2003 (3,7%) e 2004 (4,3%), o que deve levar a uma média anual regional de 2,9% no período 2001-2006.
O cenário geral da economia mundial deve ser o fator determinante das possibilidades de recuperação dos países da região este ano. Para Bowler, um eventual reaquecimento da economia dos EUA seria seguido de aumento no comércio internacional, o que traria benefícios a todos.
A segunda variável mais importante a ser acompanhada este ano, na visão da EIU, são os efeitos da crise argentina sobre seus vizinhos. A publicação projeta uma recessão de 7,5% na Argentina em 2002, com uma lenta reação a partir do segundo semestre de 2003.
"Apesar de ter sido afetado (pela Argentina) nos primeiros nove meses do ano passado, o Brasil tem sido notoriamente estável desde outubro. O país saiu-se muito bem nesse teste", declarou o analista britânico.
A economia chilena também conseguiu escapar por enquanto dos efeitos colaterais do terremoto argentino, diz a EIU, graças em parte à alta do preço do cobre no mercado internacional.
Segundo as projeções contidas na publicação lançada ontem, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer este em cerca de 2,5%. "É melhor que o desempenho do ano passado, mas ainda bem abaixo do potencial do país", observou Bowler.
Uma das tendências econômicas destacadas pela publicação é uma nova onda de questionamentos sobre as reformas liberalizantes conduzidas pela maioria dos governos latino-americanos nos anos 90.
A derrocada da Argentina estaria estimulando um novo olhar sobre um modelo antes visto como bem-sucedido.
"A Argentina foi por um longo tempo um modelo para a gestão da política econômica, e acabou nessa bagunça", disse Bowler.


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