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LEITE DERRAMADO
Empresa desconta duplicatas em duas instituições brasileiras
Bancos já dão socorro à Parmalat
SANDRA BALBI
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Parmalat S.A. Indústria de
Alimentos começa a romper a resistência dos bancos credores: às
vésperas do Carnaval, os interventores fecharam duas operações de desconto de duplicatas
com dois bancos brasileiros.
Com isso, a empresa conseguiu
levantar recursos para manter o
fluxo de caixa e garantir um nível
mínimo de operação nas suas fábricas. Segundo a Folha apurou,
todo dinheiro que entra é usado
pelos novos gestores nomeados
pela Justiça para pagar as despesas básicas da empresa (salários e
algumas matérias-primas). Mas a
situação está longe do normal.
Ontem funcionaram parcialmente as unidades de Jundiaí
(SP), Garanhuns (PE) e Itaperuna
(RJ). Em Garanhuns, segundo o
presidente da Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco, Pio Guerra Jr., os produtores
de leite continuam fornecendo
cerca de 100 mil litros diários, embora neste ano só tenham recebido por três dias de entrega do produto.
Antes da crise, a empresa comprava 180 mil litros diários dos
produtores pernambucanos e 120
mil dos de Sergipe e Alagoas, que
desviaram a produção para outras indústrias.
Com a queda no fornecimento
de leite para a empresa e o prolongamento da crise, as fábricas da
Parmalat estão perdendo valor e
transformando-se em "elefantes
brancos". A opinião é de Rodrigo
Alvim, presidente da Comissão
Nacional da Pecuária de Leite da
CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Segundo estimativa da CNA, no
ano passado a Parmalat captava
cerca de 3 milhões de litros de leite
por dia -hoje não capta mais do
que 1,5 milhão de litros.
Jundiaí retoma atividades
Depois de quase 30 dias com as
atividades paralisadas por falta de
matéria-prima, a fábrica de biscoitos da Parmalat, em Jundiaí
(60 km de São Paulo), retomou,
anteontem, as atividades de forma parcial, segundo o Sindicato
dos Trabalhadores em Alimentação de Jundiaí e Região.
A entidade informou que foi retomada cerca de 30% da produção da fábrica de biscoitos. O setor de sucos e chá da empresa
continua parado.
A Parmalat também começa a
reagir na Justiça. O advogado Jorge Lobo, que renunciou ao cargo
de interventor nomeado pela Justiça e agora atua como advogado
da empresa, diz que a Parmalat
vai recorrer da decisão judicial
que tirou o grupo do controle da
Batávia, de Carambeí (PR).
Segundo ele, a defesa deve se basear no fato de que a maioria das
decisões do Superior Tribunal de
Justiça até agora não permitiu a
exclusão de acionistas principais
de sociedades anônimas.
Colaboraram Rodrigo Rossi, da Folha
Campinas, e a Agência Folha
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