São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

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INFLAÇÃO

Índice medido pela FGV ficou em 0,69%, contra 0,88% registrado em janeiro

Preços no atacado ajudam a reduzir IGP-M em fevereiro

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de disparar em janeiro, a inflação voltou a cair neste mês. O IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado) de fevereiro, divulgado ontem pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), ficou em 0,69% -a taxa é menor do que o 0,88% registrado em janeiro. A principal razão para a retração é a desaceleração dos preços no atacado, especialmente de produtos agrícolas. O IPA (Índice de Preços por Atacado) caiu de 0,98% em janeiro para 0,79% em fevereiro.
Puxados pelas quedas nos preços de frutas, legumes, cereais e grãos, os produtos agrícolas subiram 0,79%. Haviam tido uma alta bem maior em janeiro: 2,60%.
Com a entrada da safra de grãos, a expectativa da FGV é que esses preços recuem ainda mais a partir do próximo mês. Já os produtos agrícolas avançaram, passando de 1,13% em janeiro para 1,61% em fevereiro. Dois foram os grupos que mais contribuíram para a alta: aço e matérias plásticas, que são insumos com encadeamentos em vários setores.
Apesar da resistência do Banco Central em voltar a cortar os juros (que permanecem estáveis em 16,5% desde dezembro), o resultado do IGP-M mostra que não existem repasses de altas do atacado para o varejo.
Além dos aumentos desses dois importantes insumos, Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV, afirmou que a mudança na forma de tributação da Cofins também contribuiu para a alta de alguns preços, principalmente os que sofrem forte impacto de serviços.
Segundo a FGV, o IPC (Índice de Preço ao Consumidor) também desacelerou. Passou de 0,84% para 0,53%.
De acordo Quadros, a demanda ainda enfraquecida impede que ocorram repasses do atacado para o varejo. Por esse motivo, a maior parte das altas de preço ficou contida na indústria.
Ele afirmou que apenas alguns ramos mais aquecidos, ligados às exportações ou ao agronegócio, sofrem repasses. Tal movimento também é notado, diz, nos eletrodomésticos, cujo consumo está em alta. Com o aumento do aço, seus preços subiram. "São só ilhas de demanda aquecida", disse o economista.
Os grupos alimentação e educação, cujos preços tiveram quedas expressivas, foram os responsáveis pelo recuo do IPC. Os alimentos passaram de uma alta de 1,57% em janeiro para 0,67% em fevereiro.
Já os itens de educação subiram 1,74% em fevereiro. É menos do que os 3,24% apurados em janeiro, período no qual se concentram as matrículas escolares.
Caíram com força no varejo produtos como açúcar, carne suína, laticínios, aves e ovos. Também contribuiu para a redução da inflação ao consumidor a menor variação do grupo vestuário, que registrou queda de 0,76%.


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