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AGENDA POSITIVA
Instituição afirma que encontro entre o diretor-gerente do FMI e o presidente nada tem a ver com crise política
Lula fará churrasco para Köhler em Brasília
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional),
Horst Köhler, vai se encontrar
com o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva no domingo e na segunda-feira próximas em São Paulo e
em Brasília.
Segundo o Fundo, o encontro
nada tem a ver com a recente instabilidade no mercado provocada
pelo escândalo envolvendo Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro José Dirceu (Casa Civil).
Köhler participará de um churrasco com Lula em Brasília. Nos
contatos com a equipe econômica, o diretor do FMI manifestou
"curiosidade antropológica" em
relação aos tradicionais churrascos que o presidente faz para confraternizações com ministros, governadores e amigos.
O convite a Köhler foi feito em
novembro. Palocci transmitiu o
desejo do presidente de recebê-lo
em Brasília. Mas a visita ganhou
reforço "político" por acontecer
no meio da crise política do caso
Waldomiro Diniz e na hora em
que o governo deseja que a mídia
dê atenção a outros assuntos.
Thomas Dawson, porta-voz do
FMI, afirmou ontem que, apesar
das "flutuações" no mercado brasileiro, a instituição acredita que
"o progresso do programa brasileiro continua muito forte".
Agenda
Questionado se o caso Waldomiro Diniz poderia retardar a
agenda de reformas do governo
do PT no Congresso, Dawson
afirmou: "Não [acreditamos].
Creio que as autoridades do país
tenham um forte compromisso
com essa agenda. Temos todas as
indicações de que [o Brasil] está
indo em frente com ela".
"Estamos satisfeitos de poder
ajudar o governo brasileiro no
atual programa", disse o porta-voz do Fundo.
Fechado no final do ano passado, o atual programa do FMI com
o Brasil prevê empréstimos de
US$ 14 bilhões. Na prática, no entanto, o Brasil receberá apenas
US$ 6 bilhões em dinheiro novo
do Fundo. O restante, cerca de
US$ 8 bilhões, fazia parte de acordo anterior que expirou no final
do ano passado.
Argentina
Dawson afirmou que a missão
do FMI que está analisando uma
nova revisão do atual acordo com
a Argentina ainda permanece em
Buenos Aires e que o Fundo "ainda não tem uma data" para o retorno da equipe a Washington.
Independentemente da aprovação da revisão, o governo da Argentina tem de pagar um empréstimo de US$ 3 bilhões ao Fundo no próximo dia 9 de março.
Ameaça
Há duas semanas, o presidente
da Argentina, Néstor Kirchner,
ameaçou não fazer o pagamento
ao Fundo caso a revisão do acordo com o país não seja concluída
até o dia 9.
Em resposta, o FMI disse que os
estatutos da instituição vetam a
revisão de acordos com países
inadimplentes.
Quando voltar a Washington, a
equipe de técnicos que está em
Buenos Aires ainda terá de terminar um relatório sobre o país para
só então submeter a recomendação para a aprovação à cúpula do
Fundo -o que poderá ultrapassar a data-limite para o pagamento dos US$ 3 bilhões.
Antes do fechamento do atual
acordo, que prevê empréstimos
de US$ 12,5 bilhões, a Argentina
chegou a atrasar por dois dias o
pagamento de uma dívida que tinha com o Fundo.
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