São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

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AGENDA POSITIVA

Instituição afirma que encontro entre o diretor-gerente do FMI e o presidente nada tem a ver com crise política

Lula fará churrasco para Köhler em Brasília

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Horst Köhler, vai se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no domingo e na segunda-feira próximas em São Paulo e em Brasília.
Segundo o Fundo, o encontro nada tem a ver com a recente instabilidade no mercado provocada pelo escândalo envolvendo Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro José Dirceu (Casa Civil).
Köhler participará de um churrasco com Lula em Brasília. Nos contatos com a equipe econômica, o diretor do FMI manifestou "curiosidade antropológica" em relação aos tradicionais churrascos que o presidente faz para confraternizações com ministros, governadores e amigos.
O convite a Köhler foi feito em novembro. Palocci transmitiu o desejo do presidente de recebê-lo em Brasília. Mas a visita ganhou reforço "político" por acontecer no meio da crise política do caso Waldomiro Diniz e na hora em que o governo deseja que a mídia dê atenção a outros assuntos.
Thomas Dawson, porta-voz do FMI, afirmou ontem que, apesar das "flutuações" no mercado brasileiro, a instituição acredita que "o progresso do programa brasileiro continua muito forte".

Agenda
Questionado se o caso Waldomiro Diniz poderia retardar a agenda de reformas do governo do PT no Congresso, Dawson afirmou: "Não [acreditamos]. Creio que as autoridades do país tenham um forte compromisso com essa agenda. Temos todas as indicações de que [o Brasil] está indo em frente com ela".
"Estamos satisfeitos de poder ajudar o governo brasileiro no atual programa", disse o porta-voz do Fundo.
Fechado no final do ano passado, o atual programa do FMI com o Brasil prevê empréstimos de US$ 14 bilhões. Na prática, no entanto, o Brasil receberá apenas US$ 6 bilhões em dinheiro novo do Fundo. O restante, cerca de US$ 8 bilhões, fazia parte de acordo anterior que expirou no final do ano passado.

Argentina
Dawson afirmou que a missão do FMI que está analisando uma nova revisão do atual acordo com a Argentina ainda permanece em Buenos Aires e que o Fundo "ainda não tem uma data" para o retorno da equipe a Washington.
Independentemente da aprovação da revisão, o governo da Argentina tem de pagar um empréstimo de US$ 3 bilhões ao Fundo no próximo dia 9 de março.

Ameaça
Há duas semanas, o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, ameaçou não fazer o pagamento ao Fundo caso a revisão do acordo com o país não seja concluída até o dia 9.
Em resposta, o FMI disse que os estatutos da instituição vetam a revisão de acordos com países inadimplentes.
Quando voltar a Washington, a equipe de técnicos que está em Buenos Aires ainda terá de terminar um relatório sobre o país para só então submeter a recomendação para a aprovação à cúpula do Fundo -o que poderá ultrapassar a data-limite para o pagamento dos US$ 3 bilhões.
Antes do fechamento do atual acordo, que prevê empréstimos de US$ 12,5 bilhões, a Argentina chegou a atrasar por dois dias o pagamento de uma dívida que tinha com o Fundo.


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