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Margem de bancos tem recuo; Mantega pede mais crédito
"Spread" bancário cai para 30,4 pontos em janeiro, contra
26,2 em agosto; juro médio vai de 43,3% ao ano para 42,4%
Ministro diz que bancos
"deveriam estar emprestando
mais" e "baixando mais as
taxas de juros" e critica
"pessimismo" das instituições
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após seis meses seguidos de
alta, a margem cobrada pelos
bancos nos seus empréstimos
sofreu ligeira queda no mês
passado. Pesquisa do Banco
Central mostra que, entre dezembro e janeiro, o chamado
"spread" passou de 30,7 pontos
percentuais para 30,4 pontos.
Isso significa que, em janeiro,
os bancos pagavam uma taxa de
12,0% ao ano para captar recursos no mercado e cobravam, em
média, 42,4% ao ano para repassar esse dinheiro para seus
clientes. A diferença entre os
dois, chamada de "spread", ficou, em 30,4 pontos.
Mesmo com o recuo, o
"spread" ainda se mantém num
nível mais elevado do que o observado antes do agravamento
da crise financeira. Em agosto
de 2008, essa diferença estava
em 26,2 pontos percentuais.
O "spread" serve para que os
bancos cubram boa parte de
seus custos, como o pagamento
de impostos, de funcionários e
de despesas administrativas. É
também usado para compensar
prejuízos causados pela inadimplência -ou seja, aqueles
que pagam suas dívidas em dia
pagam juros um pouco mais altos para compensar os atrasos
dos devedores. E uma parte dos
recursos levantados com a cobrança do "spread" reforça o lucro das instituições financeiras.
Nos últimos meses, o governo tem pressionado os bancos a
reduzir seus "spreads" como
forma de baratear o custo do
crédito e, assim, ajudar a reduzir os efeitos da crise. Em mais
um capítulo dessa disputa, o
ministro da Fazenda, Guido
Mantega, aproveitou ontem a
divulgação da pesquisa do BC
para criticar o setor financeiro.
"Os bancos estão emprestando de menos para o meu gosto.
Deveriam estar emprestando
mais e poderiam estar baixando mais as taxas de juros do que
estão aí. O que tem acontecido
é que eles têm sido pessimistas
nas previsões de inadimplência
e depois a inadimplência acaba
sendo menor que a prevista,
mas aí eles já cobraram o
"spread" mais elevado", disse.
Os números do BC mostram
que, com a queda no "spread",
os juros efetivamente cobrados
nos empréstimos caíram no
mês passado. Entre dezembro e
janeiro, a taxa média caiu de
43,3% ao ano para 42,4% -em
agosto, antes da crise, esse custo era de 40,1% ao ano.
Já o volume de crédito se
manteve praticamente estável.
No mês passado, ficou em R$
1,230 trilhão, 41,2% do PIB acumulado nos últimos 12 meses.
Em dezembro, era 41,1%.
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