São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

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Margem de bancos tem recuo; Mantega pede mais crédito

"Spread" bancário cai para 30,4 pontos em janeiro, contra 26,2 em agosto; juro médio vai de 43,3% ao ano para 42,4%

Ministro diz que bancos "deveriam estar emprestando mais" e "baixando mais as taxas de juros" e critica "pessimismo" das instituições

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após seis meses seguidos de alta, a margem cobrada pelos bancos nos seus empréstimos sofreu ligeira queda no mês passado. Pesquisa do Banco Central mostra que, entre dezembro e janeiro, o chamado "spread" passou de 30,7 pontos percentuais para 30,4 pontos.
Isso significa que, em janeiro, os bancos pagavam uma taxa de 12,0% ao ano para captar recursos no mercado e cobravam, em média, 42,4% ao ano para repassar esse dinheiro para seus clientes. A diferença entre os dois, chamada de "spread", ficou, em 30,4 pontos.
Mesmo com o recuo, o "spread" ainda se mantém num nível mais elevado do que o observado antes do agravamento da crise financeira. Em agosto de 2008, essa diferença estava em 26,2 pontos percentuais.
O "spread" serve para que os bancos cubram boa parte de seus custos, como o pagamento de impostos, de funcionários e de despesas administrativas. É também usado para compensar prejuízos causados pela inadimplência -ou seja, aqueles que pagam suas dívidas em dia pagam juros um pouco mais altos para compensar os atrasos dos devedores. E uma parte dos recursos levantados com a cobrança do "spread" reforça o lucro das instituições financeiras.
Nos últimos meses, o governo tem pressionado os bancos a reduzir seus "spreads" como forma de baratear o custo do crédito e, assim, ajudar a reduzir os efeitos da crise. Em mais um capítulo dessa disputa, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, aproveitou ontem a divulgação da pesquisa do BC para criticar o setor financeiro.
"Os bancos estão emprestando de menos para o meu gosto. Deveriam estar emprestando mais e poderiam estar baixando mais as taxas de juros do que estão aí. O que tem acontecido é que eles têm sido pessimistas nas previsões de inadimplência e depois a inadimplência acaba sendo menor que a prevista, mas aí eles já cobraram o "spread" mais elevado", disse.
Os números do BC mostram que, com a queda no "spread", os juros efetivamente cobrados nos empréstimos caíram no mês passado. Entre dezembro e janeiro, a taxa média caiu de 43,3% ao ano para 42,4% -em agosto, antes da crise, esse custo era de 40,1% ao ano.
Já o volume de crédito se manteve praticamente estável. No mês passado, ficou em R$ 1,230 trilhão, 41,2% do PIB acumulado nos últimos 12 meses. Em dezembro, era 41,1%.


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