São Paulo, sábado, 27 de fevereiro de 2010

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BC diz que não evitará medidas "antipáticas"

Meirelles dá novo sinal de que juros subirão para conter a inflação, mesmo que tenha de tomar "decisões impopulares"

Para o Banco Central, ainda é incerto se o aumento do compulsório vai elevar os juros no mercado e adiar o início do ciclo de alta da Selic

EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diante das especulações sobre um possível adiamento no processo de alta dos juros esperado para março ou abril, o Banco Central deu novos sinais de que irá tomar, em breve, medidas para segurar a inflação. Ontem, o presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou que a instituição vai fazer o necessário, na "hora adequada", para cumprir a meta fixada pelo governo para este ano.
"Atuar de forma consistente significa também não evitar decisões tecnicamente justificadas que, no curto prazo, possam parecer antipáticas ou impopulares, mas que visam, sim, o bem comum", afirmou.
Meirelles aproveitou seu discurso na cerimônia de posse do novo diretor de Assuntos Internacionais, Carlos Hamilton, para criticar também a "interpretação" que vem sendo dada por economistas e jornalistas para os comunicados e pronunciamentos da instituição.
Na quarta-feira, o BC anunciou a reversão de uma das principais medidas para aumentar o crédito na economia durante a crise iniciada no final de 2008. Decidiu tirar R$ 71 bilhões do mercado financeiro por meio de mudanças nos depósitos compulsórios -a parte do dinheiro depositado nos bancos que fica presa no BC. Durante a crise, esse mecanismo foi utilizado para injetar R$ 100 bilhões na economia.
Dentro do governo, há quem veja o aumento do compulsório como uma forma de controlar a inflação sem que seja preciso mexer na taxa de juros, já que as duas medidas têm impacto sobre o mercado de crédito. Alguns economistas também fazem essa avaliação. Outros concordam com o BC e dizem que o efeito da medida sobre os juros bancários é incerto.
O presidente do BC disse ainda que as mudanças na diretoria do banco e o calendário eleitoral não vão afetar a atuação da instituição. Nos últimos seis meses, dois diretores deixaram os cargos. Há ainda a possibilidade de que outros saiam em breve, caso Meirelles decida disputar as eleições deste ano.
A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) será nos dias 16 e 17 de março, mas as apostas no mercado financeiro são as de que os juros comecem a subir em abril. Economistas consultados pelo órgão na pesquisa semanal Focus mantiveram a previsão de que a Selic chegue a 11,25% no fim do ano. A taxa está atualmente em 8,75% ao ano.


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