EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de a retomada do crédito e de a queda na inadimplência terem melhorado os balanços dos bancos no final do ano passado, as instituições financeiras esperam agora pela ajuda da alta dos juros, ansiosamente aguardada pelo mercado financeiro para este ano.
Analisas consultados pela Folha avaliam que a recuperação do crédito, que tende a se manter mesmo com a alta dos juros, será maior entre os bancos privados. Eles perderam espaço no mercado em 2009 quando o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, seguindo orientação de governo, ampliaram sua participação.
Para o economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, a alta dos juros é um fator que pode até ajudar a engordar os ganhos das instituições financeiras. "A elevação da taxa de juros não vai ser suficiente para reverter, de forma contundente, a demanda por crédito e vai até melhorar as condições financeiras dos bancos, por conta das aplicações em títulos do governo."
No último trimestre de 2009, os grandes bancos tiveram lucro entre 30% e 70% maiores que o verificado no mesmo período do ano anterior. Os ganhos também cresceram na comparação com os três meses anteriores, quando mais de um terço das instituições financeiras registrou prejuízo, principalmente aqueles de médio e pequeno porte.
A aposta dos bancos em 2010 continua sendo o mercado de crédito, que vem mostrando bons resultados. A única preocupação que permanece são as provisões feitas pelos bancos contra a inadimplência que chegou ao valor recorde de R$ 99 bilhões, 60% acima do verificado antes da crise. Esse valor caiu nos últimos três meses e resultou na redução da despesa com essa reserva, que registrou queda entre 22% e 28% em instituições como Santander, Caixa e Itaú Unibanco.

Retomada
"Essa provisão menor já começou a aparecer no balanço do último trimestre dos principais bancos e está contribuindo para uma melhora nos resultados", diz o economista Jaime Soares Neto, da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Os números dos balanços também confirmam a retomada no crescimento das carteiras de crédito. De acordo com a Febraban, os maiores bancos do setor privado tiveram crescimento médio de 4,5%. Nos bancos pequenos e médios, a expansão foi de 11,6%. Nos dois casos, foram os melhores resultados em um ano.
Essa expansão deve se manter em 2010. O Banco Central, por exemplo, prevê alta de 19% no crédito neste ano, acima dos 15% registrados em 2009. Os resultados que os bancos vêm divulgando mostram previsões até melhores, de 25%. Nos de menor porte, alguns falam até em crescimento de 50%.
Apesar de o aumento do crédito no trimestre ter sido liderado pelos bancos públicos, a expectativa é que as instituições privadas recuperem pelo menos parte do espaço perdido desde setembro de 2008.


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