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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

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TRABALHO

Metalúrgicos paralisam 40 fábricas, e, segundo sindicato, 19 chegam a acordo para antecipar correção da inflação

Greve por reajuste pára 23 mil em SP

Caio Guatelli/Folha Imagem
Metalúrgicos votam por manutenção de greve por antecipação salarial em fábrica de São Paulo


FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ligado à Força Sindical, paralisou ontem a produção de 40 fábricas, com 23 mil trabalhadores, a fim de reivindicar antecipação salarial de 10% a partir de abril -isto é, a reposição da inflação de 10,39% medida no período de novembro de 2002 a fevereiro deste ano pelo INPC, do IBGE.
Até o final da tarde de ontem, 19 empresas já tinham fechado acordo com seus 8.100 empregados, informa o sindicato. A greve prossegue, portanto, nas 21 fábricas que ainda não negociaram reajustes com seus trabalhadores e em outras 19 empresas que os sindicalistas pretendem parar hoje. Isso significa que 23 mil funcionários devem cruzar os braços hoje.
"Começamos muito bem essa campanha. Praticamente metade das empresas fez acordo com os trabalhadores no primeiro dia de greve", afirma Eleno José Bezerra, presidente do sindicato. "O reajuste salarial que os metalúrgicos tiveram em novembro [a data-base da categoria] de 2002 foi corroído pela inflação", diz Paulo Pereira da Silva, presidente da Força.
A Lopsa, fabricante de autopeças, que tem 350 funcionários, foi a primeira empresa a fechar acordo com os trabalhadores ontem. Florivaldo Aparício Caputo, proprietário, informou que a antecipação de 10% sobre os salários vai resultar num aumento de 3% nos seus custos de produção.
A estratégia do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo é parar todos os dias cerca de 40 fábricas. Segundo o sindicato, há 1.500 metalúrgicas médias e grandes em São Paulo, que representam cerca de 80% dos 280 mil metalúrgicos espalhados pela cidade.
Dráusio Rangel, coordenador de negociação do Sindipeças (autopeças), do Sindiforja (forjarias) e do Sinpa (parafusos), informa que as indústrias não concordam com a reposição salarial imediata da inflação. "Se aceitarmos isso, estaremos alimentando a volta da indexação", afirma.
Para Heron do Carmo, vice-presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo e coordenador do IPC da Fipe, a reposição da inflação nos salários dos metalúrgicos não resulta em mais inflação. "Isso pode fazer com que a queda da inflação seja mais lenta. Quem tem poder de barganha para ter reajuste salarial hoje são alguns poucos setores."

Lula
O presidente Lula evitou ontem declarar apoio à greve dos metalúrgicos de São Paulo ou posicionar-se quanto às reivindicações.
Questionado se considerava as reivindicações justas, tendo em vista que iniciou sua carreira política no movimento metalúrgico, o presidente disse apenas que esperava que os metalúrgicos e as empresas fizessem um bom acordo.

Colaborou a Sucursal de Brasília


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