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PETRÓLEO
Parte da nova plataforma da Petrobras será erguida por empresa vinculada ao Ministério de Ciências e Tecnologia
Casco da P-51 será construído no Brasil
ANA PAULA GRABOIS
DA FOLHA ONLINE
O casco da plataforma de petróleo P-51, da Petrobras, será construído no Brasil, depois de um
acordo da empresa com o governo do Estado do Rio e com a Nuclep (Nuclebrás Equipamentos
Pesados), vinculada ao Ministério
da Ciência e Tecnologia.
Será o primeiro casco de uma
plataforma de petróleo a ser construído no Brasil. A construção do
casco corresponde a cerca de 80%
do gasto total da plataforma.
A Fels Setal (associação entre
empresas de Cingapura e do Brasil), vencedora da licitação para
construir o casco, decidiu trabalhar em parceria com a Nuclep, o
que aumentará o índice de nacionalização na contratação de equipamentos e serviços para a construção da P-51 de 50% para 70%.
O edital de licitação da P-51 foi
alterado no início do governo
Luiz Inácio Lula da Silva, em março do ano passado, ao ser introduzida a exigência de conteúdos mínimos nacionais na construção.
Para o casco, entretanto, não havia um percentual mínimo.
Segundo o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, a decisão está alinhada com o esforço
do governo federal em desenvolver uma política industrial para o
país e não compromete a rentabilidade da empresa.
A construção da P-51 no Brasil
foi um dos principais compromissos de campanha de Lula na
corrida presidencial, alegando
que isso geraria empregos para o
país. Em 2002, a Petrobras respondeu que não havia no Brasil
estaleiros capacitados para a
construção da plataforma.
Com a parceria para a construção do casco no país, serão criados 4.900 postos de trabalho, sendo 2.500 na Nuclep. A estimativa é
da Petrobras.
Na época, havia a discussão sobre se a obra poderia ficar mais
cara caso fosse feita no país. Augusto Mendonça, sócio da Fels Setal, disse que o custo será menor,
pois a mão-de-obra e os custos de
logística seriam maiores no exterior. Ele não avaliou qual seria o
valor se a plataforma fosse montada fora do país.
"Essa orientação empresarial
[de exigir participações nacionais
mínimas] não é uma visão nacionalista. Não tem um conteúdo
ideológico. Está alinhada também
à exigência de natureza empresarial", disse Dutra.
A construção da P-51 só foi possível após a governadora do Rio
de Janeiro, Rosinha Matheus
(PMDB), ter se comprometido a
isentar o ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços) da plataforma com a condição de o casco ser construído no
Estado. A empresa já anunciara
que a cobrança do imposto durante a construção, prevista em lei
estadual, inviabilizaria o negócio.
A Fels Setal pagará à Nuclep cerca de US$ 100 milhões pela montagem dos módulos do casco da
P-51. Segundo o presidente da
Nuclep, Jaime Cardoso, após dez
anos acumulando prejuízos e utilizando apenas 30% de sua capacidade produtiva, a empresa deverá conseguir um resultado financeiro positivo em 2004.
Toda a construção da plataforma custará de US$ 850 milhões a
US$ 900 milhões à Petrobras. Só o
casco custará cerca de US$ 650
milhões. Se houvesse a cobrança
do ICMS, a plataforma custaria
cerca de US$ 100 milhões a mais.
O governo fluminense ainda não
formalizou a isenção do imposto.
O secretário de Energia, Wagner
Victer, disse que a medida regulamentando a isenção ficará pronta
em três semanas.
A previsão é que a P-51 comece
a operar no início de 2007.
Com Pedro Soares, da Sucursal do Rio
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