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Deputados dos EUA discordam sobre algodão
Democratas querem que incentivo seja revisto; Congresso já discute possível contrarretaliação
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Preocupados com a retaliação anunciada pelo Brasil aos
EUA devido à disputa comercial sobre o algodão, dois deputados americanos se preparam
para apresentar à Câmara logo
após a Páscoa um projeto de lei
para "rever ou derrubar" os
subsídios que o governo oferece aos produtores nacionais, já
condenados pela OMC (Organização Mundial do Comércio).
Em carta enviada a outros
congressistas, o democrata Ron
Kind, membro da Comissão de
Alocações Orçamentárias da
Câmara (que lida entre outros
com comércio e tarifas), e o republicano Jeff Flake, da Comissão de Relações Exteriores,
afirmaram que, "devido à falta
de habilidade do Congresso em
lidar com a situação em meio ao
intenso lobby da indústria algodoeira, uma vasta gama de negócios americanos enfrentará
fortes punições".
O Brasil anunciou que implementará medidas de retaliação
a 102 produtos americanos cujas tarifas de importação devem subir a partir de 7 de abril.
Também pretende implementar a retaliação cruzada contra
itens de propriedade intelectual, como filmes, séries e livros. O total das sanções, aprovadas pela OMC, deverá atingir
US$ 830 milhões.
"Essa situação seria completamente evitável se o Congresso levasse a sério sua responsabilidade para com o sistema de
comércio internacional e tivesse respondido à decisão da
OMC", dizem Kind e Flake.
A notícia animou empresários brasileiros, apesar de haver
pouca expectativa de que a lei
seja aprovada com rapidez. "É
um sinal positivo, que mostra
que há congressistas que reconhecem a vitória do Brasil [na
OMC]", afirmou à Folha Diego
Bonomo, diretor-executivo
Brazil Industries Coalition
(BIC), em Washington.
Contrarretaliação
Tal reconhecimento, porém,
ainda é de uma minoria. Estão
ativas tanto no Congresso
quanto no Executivo americanos discussões sobre possíveis
contrarretaliações ao Brasil devido ao caso do algodão. Uma
das possibilidades é pedir um
novo painel de avaliação do caso na OMC -os EUA consideram que a organização não levou em conta mudanças feitas
nos subsídios em 2008 ao autorizar a retaliação pelo Brasil.
Logo após a carta de Kind e
Flake, outros dois deputados
circularam uma carta na Câmara defendendo os subsídios e
argumentando contra "mudanças unilaterais" nos programas.
O democrata Collin Peterson,
presidente da Comissão de
Agricultura da Casa, e Frank
Lucas, líder dos republicanos
nessa comissão, afirmam que
"nada sugere que mesmo com
mais mudanças [nos programas de agricultura] o Brasil
cancelaria a retaliação".
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