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Bolsa de SP perde 0,2% na semana; dólar vai a R$ 1,83
Incertezas no mercado externo deixam investidores retraídos
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA ONLINE
Apesar de ter subido 0,35%
ontem, a Bolsa de Valores de
São Paulo terminou a semana
acumulando perdas de 0,21%.
No ano, entretanto, a elevação
ainda é de 0,14%. A BMF&Bovespa acompanhou a Bolsa de
Nova York, que avançou 0,08%.
Já a Nasdaq (Bolsa em que se
negociam papéis de empresas
de tecnologia) recuou 0,1%.
Segundo especialistas, as incertezas no cenário internacional -especialmente no que diz
respeito à situação da Grécia e
de outros europeus que possuem alto deficit orçamentário,
como Portugal, Irlanda e Espanha- é que têm deixado os investidores um tanto retraídos
nos últimos dias. "Foi criada
uma linha de crédito especial
para a Grécia. Mas o país ainda
precisa provar ao mercado que
vai melhorar a sua situação fiscal", diz Kelly Trentin, analista-chefe da corretora Spinelli.
"Então, ainda existe uma nuvem negra pairando no ar."
As notícias sobre a economia
americana que saíram também
contribuíram para que os investidores se mantivessem
mais cautelosos.
O Departamento de Comércio dos EUA revisou para baixo
o crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto) no quarto trimestre: em vez de um aumento
de 5,9%, a alta no período ficou
em 5,6%. Dessa forma, a contração do país no ano passado
ficou em 2,4%.
Já os dados sobre a confiança
do consumidor deram um pouco de alento: o índice medido
pela Thomson Reuters com a
Universidade de Michigan ficou em 73,6 pontos neste mês,
o mesmo de fevereiro, quando
os analistas esperavam uma
queda para 73 pontos.
Nas próximas semanas, a elevação dos juros pelo Banco
Central brasileiro, dada como
certa pelos economistas, é o
principal assunto a mexer com
os humores do mercado. "A
magnitude desse aumento é a
dúvida", afirma Trentin. As
apostas dos analistas variam de
uma alta de 0,5 ponto percentual a até um ponto percentual
na reunião do comitê de política monetária de abril.
"Mesmo que seja feita por
causa de cenário de aquecimento muito forte da atividade
econômica, o que é bom, uma
elevação de juros sempre desencadeia um movimento negativo no mercado de ações",
afirma Trentin. Os juros mais
altos têm duas consequências
negativas para as empresas, daí
provocarem mau humor nos
investidores. Primeiro, tornam
o financiamento para investimentos e para fluxo de caixa
mais caro. Depois, desestimulam o consumidor dos produtos, os quais também têm que
pagar mais se quiserem adquirir um bem parcelado.
Dólar
No mercado futuro de juros,
segmento da BM&FBovespa
que serve de referência para os
juros bancários, as taxas projetadas ficaram mais altas ontem,
indicando o crescimento das
expectativas em torno da decisão do BC.
O dólar comercial tem ignorado esse fator. A moeda americana subiu pelo terceiro dia
consecutivo ontem, atingindo o
seu maior valor desde 12 de fevereiro: R$ 1,830. A alta registrada foi de 0,99%.
Geralmente, quando os juros
sobem, o dólar recua porque se
espera que entrem mais recursos estrangeiros no país em
busca de altos rendimentos.
Com mais oferta de moeda no
mercado, as cotações caem. Por
isso, na opinião dos analistas,
esse movimento de elevação
notado nesta semana é pontual,
explicado em grande parte pelo
aumento da aversão ao risco
que problemas como o da Grécia provocam, e deve ser revertido conforme se aproxima a
reunião do BC.
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