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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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Governo pretende investir dinheiro do FAT e do FGTS no setor e espera receber 9 milhões de estrangeiros em 2007

Lula traça plano de R$ 1,4 bi para o turismo

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo divulga na terça-feira o seu "Plano Nacional do Turismo". Prevê investimentos públicos de R$ 1,4 bilhão nos próximos 12 meses. Ao anunciá-lo, em discurso no Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva espera desfazer a impressão de que as restrições econômicas paralisaram Brasília.
Atribuído a Lula, o texto de abertura do plano turístico anota: "A necessidade de criar empregos, gerar divisas para o país, reduzir as desigualdades regionais e distribuir melhor a renda são questões que devem ser enfrentadas de imediato".
Exposto em 48 páginas, o plano não especifica a origem do dinheiro necessário para torná-lo real. Diz, genericamente, que a verba virá de uma parceria de três ministérios: Turismo, Trabalho e Integração Nacional.
A Folha apurou que o governo pretende usar dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), do FGTS e de incentivos fiscais, obtidos à custa da isenção de impostos. Serviriam para financiar preferencialmente pequenos e médios empresários do ramo. Os empréstimos serão concedidos pelo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Se tudo correr como previsto no papel, o Brasil atrairia número crescente de turistas estrangeiros. De tal modo que, em 2007, o país seria visitado por 9 milhões de pessoas. A meta, curiosamente prevista no programa de governo do presidenciável derrotado José Serra (PSDB), é ambiciosa.
Em 2002, último ano da gestão Fernando Henrique Cardoso, o Brasil recebeu escassos 3,8 milhões de estrangeiros. A permanência média no país foi de 12 dias. O movimento rendeu divisas de US$ 3,12 bilhões.
Os almejados 9 milhões de turistas projetam uma receita de US$ 8 bilhões para 2007, afora a suposta criação de 1,2 milhão de novos empregos. Menos otimista, o programa de Serra falava em 800 mil novos postos de trabalho.

País moderno
O governo petista esboçou uma estratégia de "promoção e marketing" para seduzir o turista estrangeiro. O Brasil será "vendido" como roteiro aprazível em 23 países.
Nada de propagandas e cartazes expondo os glúteos e a silhueta da mulher brasileira. O Brasil será apresentado no exterior como "país moderno, com credibilidade, alegre, jovem, hospitaleiro, capaz de proporcionar lazer de qualidade, novas experiências aos visitantes, realização de negócios e eventos".
Em parceria com Estados e municípios, o governo federal deseja compor um catálogo com pelo menos três atrações turísticas de cada uma das 27 unidades da Federação, incluindo o Distrito Federal. Os 81 novos "produtos" seriam trombeteados no estrangeiro, com o auxílio de agentes de viagem locais.

Custo
De novo, a idéia custa dinheiro. O ministro Walfrido Mares Guia (Turismo) estima que o esforço promocional vá consumir US$ 80 milhões anuais. Parece pouco. Mas, numa Brasília que economiza até no clipe, não é coisa fácil.
Sob Fernando Henrique Cardoso, o governo gastou, em 1998, US$ 23 milhões para o marketing turístico. A rubrica minguou ano após ano. Até atingir US$ 6 milhões em 2002.
Mares Guia espera convencer a iniciativa privada a arcar com parte da despesa. Mas, dono de pragmatismo que adquiriu como empresário do ramo educacional, o ministro sabe que nenhum empresário levará a mão ao bolso sem que o governo saia na frente.

Socorro
Por isso, Mares Guia tenta obter pelo menos US$ 30 milhões para o ano de 2003. Pediu socorro a Luiz Gushiken, chefe da Secom (Secretaria de Comunicação). Gushiken controla a verba publicitária do governo. Dispôs-se a ajudar. Cogita arrancar parte da verba do orçamento promocional de bancos oficiais e estatais como a Petrobras e ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos).
Além de atrair estrangeiros, o governo quer estimular o turismo interno. As estatísticas nessa área são defasadas e pouco confiáveis. Baseiam-se no movimento das companhias de aviação. Não há vestígio de dados sobre o deslocamento rodoviário.
Em 2001, computaram-se 32,6 milhões de desembarques nos aeroportos de todo país. Deseja-se chegar a 65 milhões de passageiros domésticos por ano.


Países escolhidos como "mercados-alvo": 1) Argentina; 2) Paraguai; 3) Uruguai; 4) Chile; 5) Peru; 6) Bolívia; 7) Colômbia; 8) Venezuela; 9) Equador; 10) Alemanha; 11) Portugal; 12) França; 13) Espanha; 14) Itália; 15) Inglaterra; 16) Suíça; 17) Holanda; 18) Bélgica; 19) EUA; 20) Canadá; 21) México; 22) Japão; 23) China.


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