São Paulo, sexta-feira, 27 de abril de 2007

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Idade de doméstica aumenta, aponta Seade

Explicação se dá por mais estudo das mais novas, que querem melhores vagas, e necessidade de substituir a dona da casa

Renda média da categoria é de R$ 2,55 por hora, metade da recebida pelos ocupados; maior parte delas não tem registro formal em carteira


MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A proporção de mulheres com mais de 40 anos entre as empregadas domésticas aumentou de 30%, em 1995, para 47,5% atualmente, de acordo com levantamento divulgado ontem pela Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) referente à região metropolitana de São Paulo.
Ao mesmo tempo, melhorou a escolaridade das trabalhadoras domésticas, cujo dia é comemorado hoje, apesar de a proporção de analfabetas ou com o ensino fundamental incompleto permanecer elevada: 64,4% estavam nessa situação entre novembro de 2005 e outubro de 2006, último dado divulgado pela fundação, ante 87,6% em meados dos anos 90.
O percentual com ensino fundamental completo e médio incompleto subiu de 8,8% para 19,7% na mesma comparação. Os dados englobam todas as trabalhadoras que prestem serviços domésticos -incluindo faxineiras, cozinheiras, jardineiras e babás, entre outros.
Para Alexandre Loloian, coordenador de análise da fundação, o aumento da participação das trabalhadoras mais velhas pode ser explicado pela inserção recente da mulher no mercado de trabalho. "A empregada doméstica se torna quase que a substituta da dona-de-casa, que quer alguém experiente e confiável", explica Alexandre Loloian, coordenador de análise da fundação.
Além disso, ele afirma que a geração mais nova, por ser mais escolarizada, acaba procurando outras colocações. "A escolaridade maior hoje do que nos anos 90 pode ser explicada pelo crescimento dos serviços domésticos de pessoas que cuidam de idosos ou de secretários particulares, por exemplo."
Apesar de apresentar melhorias ante os anos 90, o cenário atual continua a mostrar o preconceito e as condições precárias de trabalho de uma categoria que responde por 17,7% do trabalho feminino na região metropolitana de São Paulo, mais que a indústria ou o comércio (o setor mais empregador é serviços, com 51,5%).
Cerca de 95% dos domésticos são mulheres, a maioria entre 25 e 39 anos, negra (53,6%), 41,7% sem carteira assinada (33,7% são registradas e o restante, diaristas) e ganha em média R$ 2,55 por hora, menos da metade do recebido por trabalhadores em geral. Entre as registradas, são 47 horas semanais de trabalho, quatro a mais que a média dos assalariados.


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