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MERCOSUL
Em caso de agravamento da crise, solução seria dolarizar, mas não desvalorizar o peso; "Todos pensam em dólar"
Paridade ainda é consenso na Argentina
GUSTAVO CHACRA
DE BUENOS AIRES
A manutenção da conversibilidade (1 peso vale US$ 1) é a melhor política cambial para a Argentina, segundo integrantes de
diversos setores da economia ouvidos pela Folha.
Caso a crise se aprofunde e seja
necessária uma mudança no regime cambial, a preferência é pela
dolarização, e não pela desvalorização do peso.
As únicas vozes dissonantes são
as de alguns sindicalistas. Segundo Hugo Moyano, líder da facção
dissidente da CGT (principal central sindical argentina), é preciso
mudar o modelo econômico.
Não disse, porém, ser favorável
à desvalorização do peso. "Quem
tem de saber isso são os economistas e os políticos. Eu posso
afirmar apenas que há uma enorme insatisfação social no país."
Para os economistas, a desvalorização ou a dolarização trariam
mais custos do que soluções. O
problema, segundo eles, é o déficit
fiscal, e o governo precisa resolver
esse problema de uma vez.
Ernesto O'Connor, da Fundação Mediterrânea, diz que o ajuste
fiscal que está sendo anunciado
pelo governo precisa funcionar, e
não repetir o do início do ano,
quando se prometeu um corte de
US$ 1,4 bilhão -que não ocorreu. Porém, segundo o economista, o risco de mudança no câmbio
por enquanto seria pequeno.
"Quem apostar nisso irá perder
dinheiro", diz, se baseando nas
reservas internacionais do país,
que não diminuíram.
O economista Estevan Medrano, do Estudio Broda (consultoria), acrescenta que a situação é
bem diferente de 1995, quando
ocorreu a crise no México. "Naquela ocasião, as reservas diminuíram 18%", afirma.
Enrique Mantilla, presidente da
Câmara dos Exportadores da Argentina, diz que seu setor não é favorável à desvalorização, pois esta
traria muitos prejuízos. Segundo
ele, o governo "precisa é proteger
mais as empresas argentinas, mas
não por meio da desvalorização".
A idéia da dolarização está crescendo na Argentina. Primeiro foi
o ex-ministro da Economia Domingo Cavallo, responsável pela
implantação da conversibilidade
no país. Ele enviou carta ao presidente Fernando de la Rúa sugerindo a dolarização tanto na Argentina como no Mercosul.
Em seguida foi o ex-presidente
Carlos Menem, que em artigo publicado nesta semana aconselhou
o governo a adotar o dólar como
moeda. E, de acordo com os analistas econômicos, essa também é
a visão dentro do governo, caso a
crise se aprofunde.
Isso porque 90% das dívidas
dentro da Argentina são em dólar. "Todo o setor privado possui
dívidas na moeda americana",
afirma O'Connor.
Mas a dolarização poderia trazer consequências desfavoráveis,
como a perda da soberania do
país em relação à moeda e conflitos no Mercosul, afirma Carlos
Pérez, da Fundação Capital.
Ramallo, do Banco Galícia, discorda. "Atualmente já vivemos
praticamente com o dólar como
moeda." "Todos pensam em dólar", acrescenta O'Connor.
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