São Paulo, sábado, 27 de maio de 2000


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Volta da híper é o temor, dizem analistas

DE BUENOS AIRES

A população argentina é contrária à desvalorização porque teme o retorno da hiperinflação, segundo analistas políticos ouvidos pela Folha.
Segundo Rosendo Fraga, do Centro de Estudios Argentinos, 75% da população com mais de 18 anos guarda na memória o período do final do governo de Raúl Alfonsín, em 1989, quando as taxas de inflação atingiam cerca de 200% ao mês.
"As pessoas ligam diretamente a palavra desvalorização à hiperinflação", explica.
Questionado sobre o motivo de a inflação não ter voltado no Brasil após a desvalorização do real, Fraga diz que a situação argentina foi pior. "Foi um trauma sociológico", diz.
Oscar Raúl Cardozo, analista político do diário "Clarín", acrescenta que, diferentemente dos brasileiros, os argentinos são mais pessimistas em relação ao retorno da inflação.
"No Brasil as pessoas apoiaram o governo e concordaram em evitar uma elevação nos preços", diz o analista. "Na Argentina, ao contrário, se o governo anuncia um aumento de 10% na gasolina, os outros preços sobem 15%."
Segundo Cardozo, o povo argentino é culturalmente mais indisciplinado do que o brasileiro. "Ninguém respeitaria o governo."
Para ambos os analistas, seria muito mais provável que, em caso de especulação contra a moeda argentina, o governo dolarize a economia e não desvalorize o peso. (GC)


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