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Volta da híper é o temor, dizem analistas
DE BUENOS AIRES
A população argentina é contrária à desvalorização porque teme o retorno da hiperinflação, segundo analistas políticos ouvidos
pela Folha.
Segundo Rosendo Fraga, do
Centro de Estudios Argentinos,
75% da população com mais de 18
anos guarda na memória o período do final do governo de Raúl Alfonsín, em 1989, quando as taxas
de inflação atingiam cerca de
200% ao mês.
"As pessoas ligam diretamente
a palavra desvalorização à hiperinflação", explica.
Questionado sobre o motivo de
a inflação não ter voltado no Brasil após a desvalorização do real,
Fraga diz que a situação argentina
foi pior. "Foi um trauma sociológico", diz.
Oscar Raúl Cardozo, analista
político do diário "Clarín", acrescenta que, diferentemente dos
brasileiros, os argentinos são mais
pessimistas em relação ao retorno
da inflação.
"No Brasil as pessoas apoiaram
o governo e concordaram em evitar uma elevação nos preços", diz
o analista. "Na Argentina, ao contrário, se o governo anuncia um
aumento de 10% na gasolina, os
outros preços sobem 15%."
Segundo Cardozo, o povo argentino é culturalmente mais indisciplinado do que o brasileiro.
"Ninguém respeitaria o governo."
Para ambos os analistas, seria
muito mais provável que, em caso
de especulação contra a moeda
argentina, o governo dolarize a
economia e não desvalorize o peso.
(GC)
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