|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FOLHAINVEST
APLICAÇÃO
Proximidade da eleição aumenta venda de unidades residenciais de alto padrão; classe A é a maior interessada
Investidor busca "porto seguro" do imóvel
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Algumas empresas da área imobiliária estão registrando maior
procura por imóveis devido à
proximidade da eleição para presidente da República.
Não se trata de um "boom" de
vendas ou de uma procura generalizada em todos os segmentos.
O investidor é da classe A, e sua
preferência é por imóveis residenciais de alto padrão.
De acordo com empresários do
setor, o comportamento desses
investidores é típico de período
eleitoral. Com receio de que o
próximo governo federal possa
tomar alguma atitude que implique perdas para o mercado financeiro, eles se voltam para o "porto
seguro" dos imóveis.
Em março, a construtora Tecnisa lançou um empreendimento
residencial de alto padrão nos Jardins, região nobre de São Paulo,
com apartamentos de dois dormitórios a partir de R$ 200 mil.
Foi totalmente vendido em apenas duas semanas, e 50% das unidades acabaram adquiridas por
pessoas interessadas no imóvel
como aplicação. "Essa região é valorizada, mas a procura de imóveis por investidores costuma ser
de 20% por lançamento", diz Ricardo Pereira Leite, diretor de novos negócios da empresa.
No bairro de Moema, a Tecnisa
está vendendo outro edifício de
alto padrão com apartamentos de
dois e três dormitórios com preços a partir de R$ 150 mil. Também está sendo bem aceito pelos
investidores. Entre 25% e 30% das
vendas já efetuadas foram para
esse público. Em Moema, esse
percentual, diz Leite, costuma variar de 5% a 10%.
De olho nesse interesse que, em
outros anos eleitorais, só se manifestava no segundo semestre, a
construtora Gafisa está antecipando parte dos seus lançamentos, principalmente os de alto padrão, com valores acima de R$
400 mil. Dos 19 empreendimentos
previstos para este ano, 16 deverão ser lançados até o final de junho.
Hotéis
A Lopes Consultoria de Imóveis, maior imobiliária do país, registrou, entre janeiro e este mês,
alta de 60% no faturamento em
relação ao mesmo período do ano
passado. "É possível perceber claramente que as pessoas estão buscando proteção", observa Thomás Salles, diretor de novos negócios da empresa.
Segundo ele, o movimento se
intensificou em abril e neste mês,
e há consumidores comprando
até dois ou três imóveis. O valor
médio de venda está em R$ 120
mil por unidade, 20% acima do
apurado em 2001.
Além dos apartamentos de alto
padrão, outro segmento procurado é o de loteamentos residenciais
e de lazer, afirma Gonzalo Fernandez, diretor da imobiliária
Fernandez Mera.
"Um terreno, além de custar
menos do que uma casa, é mais
fácil de vender." Em média, a Fernandez Mera tem vendido cem
lotes por mês, sendo de 20% a
30% para investidores.
Guilherme França, diretor comercial da Setin Empreendimentos, diz que, neste mês, a procura
por unidades hoteleiras -produto direcionado para o investidor- surpreendeu. Nos primeiros 20 dias do mês, a empresa
vendeu mais de 30 unidades, o
equivalente ao total comercializado nos primeiros três meses do
ano. "Alguns clientes compraram
três ou quatro unidades."
O risco político, além de atrair o
investidor para os imóveis, leva as
pessoas a colocarem em ação planos que estavam adiados. "A eleição induz também as pessoas a
comprar imóveis para uso próprio", diz Salles. O raciocínio é
que, se alguma coisa der errado
após as eleições, elas terão ao menos bens assegurados.
Texto Anterior: Calote: Dívida de R$ 420 mil pode tirar país da ISO Próximo Texto: Moradias de alto padrão oferecem maior garantia de rentabilidade Índice
|