São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 2002

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FOLHAINVEST

APLICAÇÃO

Proximidade da eleição aumenta venda de unidades residenciais de alto padrão; classe A é a maior interessada

Investidor busca "porto seguro" do imóvel

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Algumas empresas da área imobiliária estão registrando maior procura por imóveis devido à proximidade da eleição para presidente da República.
Não se trata de um "boom" de vendas ou de uma procura generalizada em todos os segmentos. O investidor é da classe A, e sua preferência é por imóveis residenciais de alto padrão.
De acordo com empresários do setor, o comportamento desses investidores é típico de período eleitoral. Com receio de que o próximo governo federal possa tomar alguma atitude que implique perdas para o mercado financeiro, eles se voltam para o "porto seguro" dos imóveis.
Em março, a construtora Tecnisa lançou um empreendimento residencial de alto padrão nos Jardins, região nobre de São Paulo, com apartamentos de dois dormitórios a partir de R$ 200 mil. Foi totalmente vendido em apenas duas semanas, e 50% das unidades acabaram adquiridas por pessoas interessadas no imóvel como aplicação. "Essa região é valorizada, mas a procura de imóveis por investidores costuma ser de 20% por lançamento", diz Ricardo Pereira Leite, diretor de novos negócios da empresa.
No bairro de Moema, a Tecnisa está vendendo outro edifício de alto padrão com apartamentos de dois e três dormitórios com preços a partir de R$ 150 mil. Também está sendo bem aceito pelos investidores. Entre 25% e 30% das vendas já efetuadas foram para esse público. Em Moema, esse percentual, diz Leite, costuma variar de 5% a 10%.
De olho nesse interesse que, em outros anos eleitorais, só se manifestava no segundo semestre, a construtora Gafisa está antecipando parte dos seus lançamentos, principalmente os de alto padrão, com valores acima de R$ 400 mil. Dos 19 empreendimentos previstos para este ano, 16 deverão ser lançados até o final de junho.

Hotéis
A Lopes Consultoria de Imóveis, maior imobiliária do país, registrou, entre janeiro e este mês, alta de 60% no faturamento em relação ao mesmo período do ano passado. "É possível perceber claramente que as pessoas estão buscando proteção", observa Thomás Salles, diretor de novos negócios da empresa.
Segundo ele, o movimento se intensificou em abril e neste mês, e há consumidores comprando até dois ou três imóveis. O valor médio de venda está em R$ 120 mil por unidade, 20% acima do apurado em 2001.
Além dos apartamentos de alto padrão, outro segmento procurado é o de loteamentos residenciais e de lazer, afirma Gonzalo Fernandez, diretor da imobiliária Fernandez Mera.
"Um terreno, além de custar menos do que uma casa, é mais fácil de vender." Em média, a Fernandez Mera tem vendido cem lotes por mês, sendo de 20% a 30% para investidores.
Guilherme França, diretor comercial da Setin Empreendimentos, diz que, neste mês, a procura por unidades hoteleiras -produto direcionado para o investidor- surpreendeu. Nos primeiros 20 dias do mês, a empresa vendeu mais de 30 unidades, o equivalente ao total comercializado nos primeiros três meses do ano. "Alguns clientes compraram três ou quatro unidades."
O risco político, além de atrair o investidor para os imóveis, leva as pessoas a colocarem em ação planos que estavam adiados. "A eleição induz também as pessoas a comprar imóveis para uso próprio", diz Salles. O raciocínio é que, se alguma coisa der errado após as eleições, elas terão ao menos bens assegurados.


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