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São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

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Mudanças do BC favorecem setor, mas associação quer que moeda norte-americana passe a oscilar menos

Exportador vê acerto, mas pede estabilidade

DA REPORTAGEM LOCAL

O setor produtivo e exportador aprovou a decisão do Banco Central de modificar a política de rolagem da dívida, o que deve resultar em valorização do câmbio e na consequente melhora das exportações. No entanto, muito mais que um câmbio favorável, o setor reivindica o que chama de ""balizamento" -que o câmbio também passe a oscilar menos.
""A mudança tem impacto no câmbio e favorece as exportações. Isso nos ajuda. Mas a questão não é essa. O governo toma medidas e muda de opinião amanhã", afirma José Augusto de Castro, diretor da AEB (Associação Brasileira de Comércio Exterior). ""Isso cria instabilidade no mercado e o que queremos é estabilidade no câmbio", completa Castro.
O diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, aponta que o Banco Central age corretamente ao ""desdolarizar a dívida interna". Mas também cobra um parâmetro para o câmbio. ""Para a economia real, o câmbio que interessa é o menos oscilante e o mais competitivo possível", argumenta.
Pelos cálculos do instituto, com a taxa de câmbio ao redor de R$ 3, as exportações brasileiras fechariam este ano em US$ 16 bilhões. ""O ideal seria, avalio, um câmbio em R$ 3,40, que garantiria superávit de US$ 20 bilhões", diz Almeida.

Avanços
O economista argumenta que o governo obteve avanço substancial na situação das transações correntes, mas ainda depende muito de financiamento externo. A conta de transações correntes é formada pela soma dos resultados da balança comercial (exportações menos importações), balança de serviços (gastos com juros e remessas de lucros para o exterior, entre outros) e transferências unilaterais (dinheiro enviado para o país por residentes no exterior, e vice-versa).
""Nos últimos seis anos, em cinco só conseguimos fechar as contas com dinheiro do FMI (Fundo Monetário Internacional). É insustentável", diz o economista.
O diretor do Iedi argumenta que além de sinalizar com uma política fiscal e monetária, que já estaria cumprindo, o novo governo também precisaria implementar uma política de longo prazo para o exterior.
"Ainda sofremos com a falta de estratégia para o setor externo. O Banco Central agiu de forma correta (ao modificar a política de rolagem de dívida) e até com certo atraso", argumenta Almeida.
(JOSÉ ALAN DIAS E ADRIANA MATTOS)


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