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Mudanças do BC favorecem setor, mas associação quer que moeda norte-americana passe a oscilar menos
Exportador vê acerto, mas pede estabilidade
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor produtivo e exportador
aprovou a decisão do Banco Central de modificar a política de rolagem da dívida, o que deve resultar em valorização do câmbio e na
consequente melhora das exportações. No entanto, muito mais
que um câmbio favorável, o setor
reivindica o que chama de ""balizamento" -que o câmbio também passe a oscilar menos.
""A mudança tem impacto no
câmbio e favorece as exportações.
Isso nos ajuda. Mas a questão não
é essa. O governo toma medidas e
muda de opinião amanhã", afirma José Augusto de Castro, diretor da AEB (Associação Brasileira
de Comércio Exterior). ""Isso cria
instabilidade no mercado e o que
queremos é estabilidade no câmbio", completa Castro.
O diretor-executivo do Iedi
(Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Júlio
Sérgio Gomes de Almeida, aponta
que o Banco Central age corretamente ao ""desdolarizar a dívida
interna". Mas também cobra um
parâmetro para o câmbio. ""Para a
economia real, o câmbio que interessa é o menos oscilante e o mais
competitivo possível", argumenta.
Pelos cálculos do instituto, com
a taxa de câmbio ao redor de R$ 3,
as exportações brasileiras fechariam este ano em US$ 16 bilhões.
""O ideal seria, avalio, um câmbio
em R$ 3,40, que garantiria superávit de US$ 20 bilhões", diz Almeida.
Avanços
O economista argumenta que o
governo obteve avanço substancial na situação das transações
correntes, mas ainda depende
muito de financiamento externo.
A conta de transações correntes é
formada pela soma dos resultados da balança comercial (exportações menos importações), balança de serviços (gastos com juros e remessas de lucros para o exterior, entre outros) e transferências unilaterais (dinheiro enviado
para o país por residentes no exterior, e vice-versa).
""Nos últimos seis anos, em cinco só conseguimos fechar as contas com dinheiro do FMI (Fundo
Monetário Internacional). É insustentável", diz o economista.
O diretor do Iedi argumenta
que além de sinalizar com uma
política fiscal e monetária, que já
estaria cumprindo, o novo governo também precisaria implementar uma política de longo prazo
para o exterior.
"Ainda sofremos com a falta de
estratégia para o setor externo. O
Banco Central agiu de forma correta (ao modificar a política de rolagem de dívida) e até com certo
atraso", argumenta Almeida.
(JOSÉ ALAN DIAS E ADRIANA MATTOS)
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