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São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

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Exportação cresce 40% em maio, e superávit no ano passa de US$ 7 bi

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O superávit de US$ 1,716 bilhão na balança comercial nas quatro primeiras semanas de maio deve fazer o mês ter o melhor resultado comercial do ano. De janeiro até agora, a balança comercial já acumula saldo positivo de US$ 7,254 bilhões.
Mesmo sem os dados de exportações e importações desta semana, o resultado de maio já ultrapassa o saldo de US$ 1,714 bilhão obtido em abril (o melhor dado mensal do ano até o momento).
A queda do dólar ainda não teve impacto negativo na balança. As compras do exterior caíram e as vendas cresceram num ritmo superior ao restante do ano.
Nas primeiras quatro semanas deste mês, o país exportou por dia útil US$ 296,4 milhões, 40,2% a mais que em maio de 2002. No total, as exportações somaram US$ 4,743 bilhões. No ano, a média diária de exportações é de US$ 262,9 milhões, 29,3% a mais que em igual período do ano passado.
As importações diárias, por sua vez, passaram de US$ 193,5 milhões em maio do ano passado para US$ 188,1 milhões neste mês, queda de 2,2%. O Brasil comprou US$ 3,027 bilhões nas quatro primeiras semanas deste mês.
Apenas na semana passada, o saldo foi de US$ 604 milhões, resultado de exportações de US$ 1,526 bilhão e importações de US$ 922 milhões. Mesmo sem o resultado desta semana, este mês já apresenta o segundo maior saldo comercial para maio desde 1988, quando foi de US$ 1,750 bilhão.
No ano, o país exportou de janeiro até a quarta semana de maio US$ 25,499 bilhões, 26,7% a mais que no mesmo período de 2002. As importações, por sua vez, estão em US$ 18,245 bilhões, uma queda de 0,69%.

Gargalo
O desempenho da balança, no entanto, está acompanhado de um componente que pode comprometer a produção de setores industriais, caso o consumo no mercado interno volte a crescer.
De janeiro a abril deste ano, as importações de bens de capital recuaram 15,2% em relação ao mesmo período do ano passado -de US$ 3,909 bilhões para US$ 3,317 bilhões. Com um agravante: a base de comparação era baixa. No primeiro trimestre de 2002, a economia estava prostrada por conta dos efeitos do 11 de setembro.
Pelos dados da Secex, esse processo manteve-se inalterado em maio: até a quarta semana, as importações de equipamentos mecânicos recuava 12,1% em comparação a maio de 2002.
"Quem consegue investir é siderurgia e celulose [tradicionais exportadores]. Atrasar ou cancelar investimento em bens de capital significa adiar aumento de capacidade de produção", argumenta José Augusto Castro, diretor da AEB (Associação Brasileira de Comércio Exterior).
"Pratica-se uma política monetária recessiva para conter a inflação. Isso provoca anos de baixo crescimento", diz Fernando Ferreira, diretor da Global Invest. "Com esse quadro, não adianta investir para ver o maquinário enferrujando. Quando a economia volta a crescer, o setor industrial não tem capacidade de atender. Teremos de novo inflação: mas de demanda [preços aumentam porque a oferta é menor que a procura]", completa o economista.
A escalada do dólar a partir de 2001 deflagrara um processo de substituição de importações, em setores como químico (insumos) e de maquinário (bem de capital). Mas a própria Abimaq (associação dos fabricantes de máquinas) admite que o aumento nominal de 13,68% no faturamento (total de R$ 34,4 bilhões) no ano passado só foi alcançado pelo desempenho das importações - responderam por 31% das vendas.
O setor acumulava até abril queda de 20,5% dos pedidos em carteira, principalmente devido às menores vendas no mercado interno. Inversão, afirma a Abimaq, apenas no segundo semestre, ""se a política do governo estimular a produção e emprego".


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