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Exportação cresce 40% em maio, e superávit no ano passa de US$ 7 bi
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O superávit de US$ 1,716 bilhão
na balança comercial nas quatro
primeiras semanas de maio deve
fazer o mês ter o melhor resultado
comercial do ano. De janeiro até
agora, a balança comercial já acumula saldo positivo de US$ 7,254
bilhões.
Mesmo sem os dados de exportações e importações desta semana, o resultado de maio já ultrapassa o saldo de US$ 1,714 bilhão
obtido em abril (o melhor dado
mensal do ano até o momento).
A queda do dólar ainda não teve
impacto negativo na balança. As
compras do exterior caíram e as
vendas cresceram num ritmo superior ao restante do ano.
Nas primeiras quatro semanas
deste mês, o país exportou por dia
útil US$ 296,4 milhões, 40,2% a
mais que em maio de 2002. No total, as exportações somaram US$
4,743 bilhões. No ano, a média
diária de exportações é de US$
262,9 milhões, 29,3% a mais que
em igual período do ano passado.
As importações diárias, por sua
vez, passaram de US$ 193,5 milhões em maio do ano passado
para US$ 188,1 milhões neste mês,
queda de 2,2%. O Brasil comprou
US$ 3,027 bilhões nas quatro primeiras semanas deste mês.
Apenas na semana passada, o
saldo foi de US$ 604 milhões, resultado de exportações de US$
1,526 bilhão e importações de US$
922 milhões. Mesmo sem o resultado desta semana, este mês já
apresenta o segundo maior saldo
comercial para maio desde 1988,
quando foi de US$ 1,750 bilhão.
No ano, o país exportou de janeiro até a quarta semana de maio
US$ 25,499 bilhões, 26,7% a mais
que no mesmo período de 2002.
As importações, por sua vez, estão
em US$ 18,245 bilhões, uma queda de 0,69%.
Gargalo
O desempenho da balança, no
entanto, está acompanhado de
um componente que pode comprometer a produção de setores
industriais, caso o consumo no
mercado interno volte a crescer.
De janeiro a abril deste ano, as
importações de bens de capital recuaram 15,2% em relação ao mesmo período do ano passado -de
US$ 3,909 bilhões para US$ 3,317
bilhões. Com um agravante: a base de comparação era baixa. No
primeiro trimestre de 2002, a economia estava prostrada por conta
dos efeitos do 11 de setembro.
Pelos dados da Secex, esse processo manteve-se inalterado em
maio: até a quarta semana, as importações de equipamentos mecânicos recuava 12,1% em comparação a maio de 2002.
"Quem consegue investir é siderurgia e celulose [tradicionais exportadores]. Atrasar ou cancelar
investimento em bens de capital
significa adiar aumento de capacidade de produção", argumenta
José Augusto Castro, diretor da
AEB (Associação Brasileira de
Comércio Exterior).
"Pratica-se uma política monetária recessiva para conter a inflação. Isso provoca anos de baixo
crescimento", diz Fernando Ferreira, diretor da Global Invest.
"Com esse quadro, não adianta
investir para ver o maquinário enferrujando. Quando a economia
volta a crescer, o setor industrial
não tem capacidade de atender.
Teremos de novo inflação: mas de
demanda [preços aumentam porque a oferta é menor que a procura]", completa o economista.
A escalada do dólar a partir de
2001 deflagrara um processo de
substituição de importações, em
setores como químico (insumos)
e de maquinário (bem de capital).
Mas a própria Abimaq (associação dos fabricantes de máquinas)
admite que o aumento nominal
de 13,68% no faturamento (total
de R$ 34,4 bilhões) no ano passado só foi alcançado pelo desempenho das importações - responderam por 31% das vendas.
O setor acumulava até abril queda de 20,5% dos pedidos em carteira, principalmente devido às
menores vendas no mercado interno. Inversão, afirma a Abimaq,
apenas no segundo semestre, ""se
a política do governo estimular a
produção e emprego".
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