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Governo não gosta de juro alto e não
pode escolher capital, afirma Palocci
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, defendeu ontem em dois momentos distintos
o rumo da política macroeconômica adotado pelo governo até o
momento. Em entrevista ao programa "Bom Dia Brasil", da TV
Globo, Palocci afirmou que a inflação é uma doença grave e que,
apesar de estar em queda, ainda
permanece alta. "Em momentos
como este você tem de usar medicação forte. Ninguém no governo
gosta de juros altos, mas eles são
necessários", justificou.
"Não investiremos em uma bolha de crescimento que carregue
uma inflação alta. Crescimento
com inflação alta não distribui
renda, não faz justiça e leva a economia a um impasse, no primeiro
momento, e ao desastre no segundo", afirmou Palocci, em discurso
ao ser homenageado com uma
medalha pela Firjan (Federação
das Indústrias do Estado do Rio
de Janeiro).
Antes do discurso do ministro,
o presidente da Firjan, Eduardo
Eugenio Gouvêa Vieira, defendeu
a manutenção dos juros altos. "Só
a equipe econômica está aparelhada para identificar este momento [de baixar os juros]. O resto é palpite", afirmou Vieira.
Ao "Bom dia Brasil", Palocci
afirmou que o BC não responde a
pressões políticas, apenas à pressão da inflação para manter os juros básicos no atual patamar. "A
equipe está fazendo o que tinha de
ser feito. Vindo a crítica ou não,
vamos persistir nessa linha porque estamos muito seguros de
que o combate à inflação e a redução da dívida são fundamentais
para o país crescer com sustentabilidade."
O governo recebeu duras críticas na semana passada, principalmente do setor produtivo, quando o Copom decidiu manter a taxa básica em 26,5% ao ano. Até o
vice-presidente da República, José Alencar, se pronunciou contra
os juros altos. Mas, na avaliação
do ministro, não houve críticas
nas declarações de Alencar, apenas "palavras ditas com muito
sal".
Para Palocci, a economia terá
um crescimento "em torno de
2%" nesse ano. E, se o governo
conseguir "ordenar tanto a política macroeconômica quanto, e
principalmente, as questões que
condicionam o crescimento adequado, resolvendo a questão de
energia elétrica, do financiamento público e privado, acredito que
possamos atingir 4,5% até em um
curto espaço de tempo".
Na avaliação de Palocci, a queda
nos investimentos estrangeiros
para o Brasil neste ano reflete um
problema ligado ao contexto internacional, além de o país acabar
de sair de uma grave crise.
"Todo país que sai de uma crise
recebe em um primeiro momento
investimentos de curto prazo.
Mas é preciso fazer com que esses
investimentos se estendam para
de longo prazo", disse Palocci. Para o ministro, o país não deve escolher o perfil do capital estrangeiro que chega ao Brasil. Alguns
economistas do próprio PT defendem a taxação do capital externo. "Não temos como escolher o
capital. Temos que melhorar a
saúde da nossa economia para ver
cada vez mais um capital de melhor qualidade e maior prazo."
Compromissos
No evento da Firjan, Palocci disse que o Brasil não pode deixar
que se repita o ocorrido no ano
passado, quando, segundo ele, os
credores passaram a acreditar que
o país não iria cumprir seus compromissos de dívidas.
"Assim como o mais simples
dos cidadãos sabe que o que faz a
sua honra é o seu nome, o Brasil
sabe que o que fará o seu futuro é
sua estabilidade. É cumprir seus
compromissos de dívidas na hora
certa, nos momentos corretos."
Segundo Palocci, a política de
austeridade já vem dando resultados. Graças aos esforços, afirmou,
já será possível obter uma arrecadação adicional de R$ 5,7 bilhões
sobre a anteriormente prevista,
dos quais cerca de R$ 1,7 bilhão
devem ir para investimentos.
Palocci defendeu as reformas
tributária e previdenciária.
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