|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INFLAMÁVEL
Presidente determina que Cade investigue por que redução no custo de combustível não chega ao consumidor
Dono de posto é "malandro", sugere Lula
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou que, na rede de comercialização de combustíveis,
há indivíduos que acham que são
"malandros" e que podem enganar a todos para ganhar dinheiro.
Ele fez referência indireta aos donos de postos de gasolina.
Lula reclamou desse setor ao
discursar durante encontro com
produtores de açúcar e álcool, no
Palácio do Planalto. Segundo ele,
quando há anúncio de reajuste, os
preços aumentam imediatamente. As reduções, ao contrário, demoram meses a chegar ao consumidor, quando chegam, disse.
Diante dessa constatação, Lula
determinou publicamente ao Cade (Conselho Administrativo de
Defesa Econômica, órgão do Ministério da Justiça) que rastreie a
cadeia de comercialização dos
combustíveis e descubra por que
as reduções no custo da gasolina
não chegam aos consumidores.
"Não adianta os produtores serem sérios e reduzirem os preços,
não adianta o governo ser sério e
propor a redução, se você tem na
cadeia [de comercialização] pessoas que acham que são malandros e, portanto, podem enganar
os outros achando que ninguém
vai perceber", disse Lula.
"Não adianta o governo ter boa
vontade e fazer as coisas se dentro
da sociedade ainda tem gente que
se acha mais esperta que os outros
e que acha que pode enganar todo
mundo ao mesmo tempo e ganhar dinheiro."
Segundo ele, esse tipo de prática
leva a sociedade a perder a esperança. "Precisamos ser mais duros na cobrança daquilo que for
acordado [decidido], porque senão a sociedade vai perdendo a
esperança de que tem gente de
boa vontade querendo fazer as
coisas para ela neste país", disse o
presidente.
Lula também afirmou que o aumento da proporção de gasolina
no álcool, de 20% para 25%, previsto para 1º de junho, vai precisar
provocar redução de preços para
os consumidores. Calcula-se que
a redução de custos seja de até 3%.
"No final, termina pobre enganando pobre. Pobres explorando
miseráveis. Porque o dono de
posto, que não é nenhuma fortuna, explora o dono de carro, que
também não é nenhuma fortuna.
Isso não pode acontecer no Brasil", disse Lula. Segundo o presidente, "isso demonstra que ainda
há setores que não querem agir
com a seriedade de que o Brasil
precisa para que este país tenha
credibilidade internacional".
No encontro com o setor sucroalcooleiro, produtores foram
ao palácio "prestar contas" de
acordo feito com Lula em 6 de fevereiro. Os usineiros cumpriram
o prometido, que era antecipar a
produção de 600 milhões de litros
da atual safra e reduzir os preços
do álcool anidro e hidratado no
período da entressafra.
Outro lado
A Fecombustíveis (federação
que reúne revendedores de combustível) divulgou nota na qual
"repudia insinuações e adjetivos
pejorativos contra os membros
da revenda".
A assessoria de imprensa do
Sindicom (sindicato das distribuidoras de combustíveis) informou que assuntos relativos a preço deveriam ser tratados com cada distribuidoras.
A nota da Fecombustíveis sugere que o governo deveria começar
a averiguar se há problemas nas
margens de lucro nas distribuidoras: "Seria mais simples começar
pelo atacado, onde se concentram
poucas empresas".
Texto Anterior: Varejo: Feira Apas 2003 prevê vendas de R$ 2 bilhões Próximo Texto: Frase Índice
|