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São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

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INFLAMÁVEL

Presidente determina que Cade investigue por que redução no custo de combustível não chega ao consumidor

Dono de posto é "malandro", sugere Lula

WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, na rede de comercialização de combustíveis, há indivíduos que acham que são "malandros" e que podem enganar a todos para ganhar dinheiro. Ele fez referência indireta aos donos de postos de gasolina.
Lula reclamou desse setor ao discursar durante encontro com produtores de açúcar e álcool, no Palácio do Planalto. Segundo ele, quando há anúncio de reajuste, os preços aumentam imediatamente. As reduções, ao contrário, demoram meses a chegar ao consumidor, quando chegam, disse.
Diante dessa constatação, Lula determinou publicamente ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica, órgão do Ministério da Justiça) que rastreie a cadeia de comercialização dos combustíveis e descubra por que as reduções no custo da gasolina não chegam aos consumidores.
"Não adianta os produtores serem sérios e reduzirem os preços, não adianta o governo ser sério e propor a redução, se você tem na cadeia [de comercialização] pessoas que acham que são malandros e, portanto, podem enganar os outros achando que ninguém vai perceber", disse Lula.
"Não adianta o governo ter boa vontade e fazer as coisas se dentro da sociedade ainda tem gente que se acha mais esperta que os outros e que acha que pode enganar todo mundo ao mesmo tempo e ganhar dinheiro."
Segundo ele, esse tipo de prática leva a sociedade a perder a esperança. "Precisamos ser mais duros na cobrança daquilo que for acordado [decidido], porque senão a sociedade vai perdendo a esperança de que tem gente de boa vontade querendo fazer as coisas para ela neste país", disse o presidente.
Lula também afirmou que o aumento da proporção de gasolina no álcool, de 20% para 25%, previsto para 1º de junho, vai precisar provocar redução de preços para os consumidores. Calcula-se que a redução de custos seja de até 3%.
"No final, termina pobre enganando pobre. Pobres explorando miseráveis. Porque o dono de posto, que não é nenhuma fortuna, explora o dono de carro, que também não é nenhuma fortuna. Isso não pode acontecer no Brasil", disse Lula. Segundo o presidente, "isso demonstra que ainda há setores que não querem agir com a seriedade de que o Brasil precisa para que este país tenha credibilidade internacional".
No encontro com o setor sucroalcooleiro, produtores foram ao palácio "prestar contas" de acordo feito com Lula em 6 de fevereiro. Os usineiros cumpriram o prometido, que era antecipar a produção de 600 milhões de litros da atual safra e reduzir os preços do álcool anidro e hidratado no período da entressafra.

Outro lado
A Fecombustíveis (federação que reúne revendedores de combustível) divulgou nota na qual "repudia insinuações e adjetivos pejorativos contra os membros da revenda".
A assessoria de imprensa do Sindicom (sindicato das distribuidoras de combustíveis) informou que assuntos relativos a preço deveriam ser tratados com cada distribuidoras.
A nota da Fecombustíveis sugere que o governo deveria começar a averiguar se há problemas nas margens de lucro nas distribuidoras: "Seria mais simples começar pelo atacado, onde se concentram poucas empresas".


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