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NOVA AGENDA PETISTA
Palocci articula aprovação de projeto, que faz parte de compromisso com o FMI; PT era contra mudança
Relator finaliza texto da Lei de Falências
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma articulação do ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda)
permitirá o cumprimento de um
dos compromissos assumidos no
acordo com o FMI: conseguir, até
o final de maio, algum "progresso" na votação de uma nova Lei
de Falências.
Após entendimento com Palocci, o deputado Osvaldo Biolchi
(PMDB-RS), relator de um projeto nesse sentido que tramita há
quase dez anos na Câmara, pretende apresentar hoje um texto
para o início das discussões no
plenário da Casa.
Ainda que seja o bastante para
caracterizar o "progresso" prometido ao Fundo, a nova legislação para as falências (processos
nos quais empresas incapazes de
honrar suas dívidas são fechadas e
têm seu patrimônio vendido para
atender aos credores) e concordatas (recurso jurídico que dá mais
prazo às empresas insolventes para pagar suas dívidas) deve gerar
mais controvérsias -a começar
pelo PT e aliados como a CUT.
Uma das principais preocupações do projeto é dar mais garantias ao sistema financeiro na recuperação de empréstimos. Isso significa pôr um limite -pela proposta, de 150 salários mínimos, ou
R$ 36 mil hoje- na preferência
que a legislação atual dá aos funcionários das empresas.
Pela argumentação da Fazenda,
ao facilitar a recuperação de créditos pelos bancos, a nova regra
abrirá caminho para a queda dos
juros de mercado -que, por essa
leitura, são elevados, entre outros
motivos, para compensar os riscos de inadimplência.
Mas a proposta, por restringir
garantias trabalhistas, fez com a
que a assessoria técnica do PT na
Câmara recomendasse, em 2000,
voto contrário ao projeto.
A outra inovação principal do
projeto é mais palatável: a concordata será substituída por um plano de recuperação da empresa,
em acordo com credores e condições mais flexíveis para o pagamento das dívidas. Espera-se,
com isso, evitar o fechamento de
empresas que são viáveis, mas
atravessam dificuldades momentâneas, e preservar empregos.
Mudanças nas legislações de falências estão entre as prioridades
da nova agenda dos organismos
internacionais -caso do FMI e
do Banco Mundial- para os países emergentes. México e Argentina, por exemplo, reformularam
suas leis nos últimos anos.
O projeto tem o apoio da Febraban (Federação Brasileira dos
Bancos) e de entidades como a
Confederação Nacional da Indústria. Os defensores da medida
consideram o texto de Biolchi insuficiente, mas um avanço.
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