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PREÇOS
Repasse de 18% ao consumidor eleva IPCA em 0,70 ponto, diz consultoria
Gasolina mais cara pode pôr em risco meta de inflação
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Se a Petrobras ajustar o preço da
gasolina às cotações do mercado
internacional, o Banco Central terá mais dificuldade para cumprir
a meta de inflação: um reajuste ao
consumidor de 18% representará
impacto de 0,70 ponto percentual
no IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) deste ano.
A previsão de aumento é da
consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura) e leva em
conta a defasagem de 34% em relação aos preços do golfo do México (ou golfo Americano, no jargão do setor petrolífero), uma das
principais referências internacionais da gasolina.
O reajuste ao consumidor, porém, não será dessa ordem porque os impostos e o álcool -misturado na proporção de 25% à gasolina- não subirão por causa
das cotações externas.
O peso do combustível no IPCA
foi calculado a partir de dados do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Neste ano, a
meta de inflação é de 5,5%, com
tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. O
IPCA em 12 meses está em 5,26%.
Oficialmente, a Petrobras informou, por meio de sua assessoria
de imprensa, que não cogita um
reajuste neste momento e que o
objetivo é ter os preços alinhados
num período mais longo, sem repassar as oscilações imediatamente. A estatal afirma que vai esperar uma maior estabilidade do
mercado internacional de petróleo antes de tomar uma decisão.
Com a piora da crise no Iraque,
o petróleo, referência para o preço
dos derivados, tem se mantido
em níveis recordes acima de US$
40 o barril em Nova York.
O especialista Rafael Schechtman, do CBIE, disse que a Petrobras, mais cedo ou mais tarde, terá de aumentar seus preços. Ele
acredita, porém, que a correção
de 18% não será feita de uma só
vez, justamente por causa do impacto na inflação.
Um cenário traçado pelo Grupo
de Conjuntura da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
prevê que o IPCA ficará em 7,1%
neste ano se o combustível subir
15%. Já uma alta de 20% levaria o
índice a 7,7%. Um aumento de até
10%, no entanto, não alterará a
previsão da taxa de 6,5% neste
ano. As estimativas da UFRJ também consideram o impacto indireto do reajuste em transportes e
outros produtos e serviços.
"É um fator de preocupação
adicional para o Banco Central na
hora de decidir o rumo da taxa de
juros", diz Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista da UFRJ.
O economista Alexandre S'Antanna, da administradora de recursos ARX Capital, disse que o
aumento dos combustíveis é um
risco para a meta de inflação, embora não creia que o governo permita que a Petrobras reajuste o
preço da gasolina num ano eleitoral. Por isso, mantém sua estimativa de 6,7% para o IPCA do ano.
Apesar de a gasolina não ter aumentado na refinaria, o preço do
produto já começou a subir em
decorrência do reajuste do álcool.
Esses reajustes terão uma contribuição estimada para o IPCA
de 0,09 ponto percentual, no caso
do álcool, e de 0,06 ponto percentual no da gasolina, que serão diluídos nos índices de maio e junho porque o aumento ocorreu
no final deste mês.
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