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Impacto da renda no PIB é incerto
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Economistas têm opiniões divergentes sobre o impacto da renda no crescimento do economia
neste ano. Alguns entendem que
o rendimento do trabalhador, em
queda em 12 meses, vai comprometer o desempenho do país.
Outros já consideram que a recuperação na renda do trabalhador no primeiro trimestre deste
ano, mesmo que pequena, pode
ter impacto positivo no PIB.
Alexsandro Agostini Barbosa,
economista da Global Invest, faz
parte do grupo dos economistas
pessimistas. "O rendimento do
trabalhador cresceu em janeiro,
fevereiro e março, mas, no acumulado de 12 meses, a massa salarial do trabalhador caiu cerca de
8% nesse período. Em abril, o rendimento caiu 11,2% no acumulado de 12 meses. "A recuperação
da renda perdeu dinamismo."
"Esse movimento de queda do
rendimento do trabalhador mostra que a recuperação da economia está ocorrendo numa intensidade muito menor do que a esperada. Isto é, a atividade econômica está num ritmo de recuperação
ainda modesto", afirma.
A Global Invest decidiu alterar
as projeções de crescimento para
o país neste ano. No início do ano,
previa um crescimento do PIB de
4,1%. Em fevereiro, reduziu para
3,7% assim que o governo decidiu
interromper a trajetória de queda
da taxa básica de juros, a Selic.
Neste mês, reduziu novamente,
para 3,1% por conta da alta do dólar e do preço do petróleo no mercado externo. "Não está descartada a hipótese de reduzirmos mais
ainda esse percentual. Isso pode
acontecer se as turbulências no
mercado externo persistirem."
Na análise de Fabio Silveira, sócio-diretor da MS Consult, a situação econômica do país pouco
se alterou do início do ano até
agora. "Já se sabia que o país iria
se recuperar na comparação com
o ano passado, mas de uma forma
tímida. E é o que se vê. O país deve
crescer cerca de 3,5% neste ano, o
que é compatível com o padrão de
renda do trabalhador", afirma.
Na sua análise, a renda pode
melhorar um mês e piorar em outro, mas, ainda assim, é menor do
que a do ano passado. "Esse é um
problema estrutural do Brasil que
vemos há sete anos", diz.
Francisco Pessoa Faria, economista da LCA Consultores, faz
parte de um grupo mais otimista.
"A queda da renda divulgada pelo
IBGE está superestimada. A massa salarial voltou a subir", afirma.
Pelas suas contas, a massa salarial real cresceu entre 2% e 3% no
primeiro trimestre deste ano na
comparação com igual período
do ano passado. Nos seus cálculos, ele considera dados do IBGE,
do Dieese, da Fundação Seade, do
Caged e de federações industriais.
Ele prevê crescimento de 3,5% do
PIB para este ano.
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