São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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Impacto da renda no PIB é incerto

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Economistas têm opiniões divergentes sobre o impacto da renda no crescimento do economia neste ano. Alguns entendem que o rendimento do trabalhador, em queda em 12 meses, vai comprometer o desempenho do país.
Outros já consideram que a recuperação na renda do trabalhador no primeiro trimestre deste ano, mesmo que pequena, pode ter impacto positivo no PIB.
Alexsandro Agostini Barbosa, economista da Global Invest, faz parte do grupo dos economistas pessimistas. "O rendimento do trabalhador cresceu em janeiro, fevereiro e março, mas, no acumulado de 12 meses, a massa salarial do trabalhador caiu cerca de 8% nesse período. Em abril, o rendimento caiu 11,2% no acumulado de 12 meses. "A recuperação da renda perdeu dinamismo."
"Esse movimento de queda do rendimento do trabalhador mostra que a recuperação da economia está ocorrendo numa intensidade muito menor do que a esperada. Isto é, a atividade econômica está num ritmo de recuperação ainda modesto", afirma.
A Global Invest decidiu alterar as projeções de crescimento para o país neste ano. No início do ano, previa um crescimento do PIB de 4,1%. Em fevereiro, reduziu para 3,7% assim que o governo decidiu interromper a trajetória de queda da taxa básica de juros, a Selic.
Neste mês, reduziu novamente, para 3,1% por conta da alta do dólar e do preço do petróleo no mercado externo. "Não está descartada a hipótese de reduzirmos mais ainda esse percentual. Isso pode acontecer se as turbulências no mercado externo persistirem."
Na análise de Fabio Silveira, sócio-diretor da MS Consult, a situação econômica do país pouco se alterou do início do ano até agora. "Já se sabia que o país iria se recuperar na comparação com o ano passado, mas de uma forma tímida. E é o que se vê. O país deve crescer cerca de 3,5% neste ano, o que é compatível com o padrão de renda do trabalhador", afirma.
Na sua análise, a renda pode melhorar um mês e piorar em outro, mas, ainda assim, é menor do que a do ano passado. "Esse é um problema estrutural do Brasil que vemos há sete anos", diz.
Francisco Pessoa Faria, economista da LCA Consultores, faz parte de um grupo mais otimista. "A queda da renda divulgada pelo IBGE está superestimada. A massa salarial voltou a subir", afirma.
Pelas suas contas, a massa salarial real cresceu entre 2% e 3% no primeiro trimestre deste ano na comparação com igual período do ano passado. Nos seus cálculos, ele considera dados do IBGE, do Dieese, da Fundação Seade, do Caged e de federações industriais. Ele prevê crescimento de 3,5% do PIB para este ano.


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