|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIAS DE TENSÃO
Banco JP Morgan reduz recomendação para aplicar em papéis do país; dólar e risco fecham em alta
Títulos brasileiros são rebaixados de novo
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Diferentes notícias azedaram o
humor dos investidores. Além de
os dados de inflação divulgados
ontem mostrarem aceleração nos
preços, o banco americano JP
Morgan voltou a rebaixar sua recomendação para os títulos da dívida brasileira. Com isso, dólar,
risco-país e juros futuros fecharam em alta.
O risco-país brasileiro fechou
com alta de 3,0%, aos 720 pontos.
O dólar subiu 0,76%, para os R$
3,163.
Ontem foram divulgados o IPC
da Fipe (referente à terceira quadrissemana de maio) e o IPCA-15.
Ambos os índices demonstraram
aceleração da inflação.
A possibilidade de o governo ser
derrotado no julgamento da cobrança de contribuição previdenciária dos servidores inativos no
STF (Supremo Tribunal Federal)
também pesou negativamente no
humor dos investidores.
O JP Morgan recomendou a investidores que reduzam a proporção de suas aplicações em títulos
brasileiros do nível médio dos demais países para abaixo desse patamar. Papéis de outros países
emergentes também sofreram
baixa de recomendação. Há pouco mais de um mês, o mesmo
banco já havia rebaixado a recomendação de investimento em títulos do Brasil.
Fábio Akira, economista do JP
Morgan no Brasil, afirmou que a
decisão não está ligada aos fundamentos da economia brasileira.
"[O risco-país do Brasil] até superestima o risco de crédito real brasileiro. Os "spreads" estão exagerados em relação aos fundamentos
econômicos do país", diz Akira.
O economista explica que a decisão veio em razão das perspectivas em relação ao andamento da
política monetária nos EUA e de
seus reflexos nos emergentes. O
JP Morgan elevou sua projeção
para os juros norte-americanos
no fim do ano de 2% para 2,25%.
Atualmente, essa taxa está em 1%.
O risco-país é um indicador medido pelo JP Morgan que ilustra o
prêmio (o "spread") pago por um
país para emitir títulos no mercado internacional em comparação
às taxas pagas por papéis do Tesouro dos EUA. Quanto mais alto
o risco, em tese é maior a possibilidade de um país dar um calote.
As projeções das taxas futuras
de juros fecharam em alta na
BM&F (Bolsa de Mercadorias &
Futuros). Com os últimos dados
de inflação, investidores já trabalham com a possibilidade de o BC
voltar a manter a taxa básica de
juros (Selic) em 16% anuais, como
fez em seu último encontro.
No pregão de ontem, a taxa do
contrato DI (que segue os juros
praticados entre os bancos) mais
negociado subiu de 17,44%
17,73% ao ano. Esse contrato tem
prazo de resgate em janeiro de
2005. As oscilações das taxas futuras são importantes para as empresas fazerem seus planejamentos de investimentos.
No contrato com prazo em julho -que serve de referência para
a expectativa em torno da reunião
do Copom do próximo mês-, a
taxa foi de 15,86% para 15,90%.
Hoje, o Banco Central divulga a
ata da última reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária),
em que trará explicações para a
decisão da semana passada de interromper os cortes dos juros.
A Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas) demonstrou ontem que a alta do câmbio
já começa a ser repassada para alguns preços. Isso pode levar o BC
a se manter cauteloso, ou seja, não
mexer nos juros novamente em
junho, avaliam analistas.
No mês, a moeda norte-americana acumula alta de 7,88% diante do real. No ano, a valorização
do dólar é de 8,99%.
Texto Anterior: O vaivém das commodities Próximo Texto: Operação atípica intriga mercado Índice
|