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Operação atípica intriga mercado
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma transação atípica, feita anteontem por um único investidor
na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), influenciou fortemente as oscilações do mercado
de ações e virou o principal assunto das mesas de operações.
O investidor, registrado como
pessoa física, teria vendido no
mercado futuro cerca de 7.000
contratos do Índice Bovespa. Essa
operação equivale, em termos financeiros, a aproximadamente
R$ 400 milhões.
Com isso, o número registrado
de contratos de venda desse ativo
na BM&F -que, em média, é de
pouco mais de mil contratos por
dia- saltou de 1.373 na segunda-feira para 8.713 anteontem.
É um volume quase três vezes
maior do que o movimentado pelas tesourarias, que aplicam os recursos dos bancos, que tinham
2.405 contratos de venda do Ibovespa anteontem.
Operações na BM&F são apostas que investidores fazem em
movimentos que podem acontecer no futuro. Um investidor que
fecha uma transação de venda do
Ibovespa no mercado futuro, geralmente, está acreditando em
queda do mercado de ações.
O que chamou a atenção, nesse
caso, foi o alto volume movimentado por um único investidor. Segundo operadores, as transações
teriam sido feitas por meio de
duas corretoras pequenas. O diretor de uma delas, que preferiu não
se identificar, disse que "o mercado está exagerando e que o volume de contratos negociados não
teria sido tão grande". A Folha
entrou em contato com a outra
corretora, mas não conseguiu falar com nenhum diretor nem
confirmar sua participação na
operação.
Procurada pela Folha, a BM&F
informou, por meio da assessoria
de imprensa, que "a transação foi
feita segundo suas normas".
A operação provocou rumores
no mercado. Em algumas mesas,
corriam boatos de que ela teria sido feita por Naji Nahas, investidor
que ficou famoso por ter feito
operações, em 1989, que provocaram prejuízos à Bolsa de Valores
do Rio de Janeiro, culminando no
seu fechamento.
Outro rumor era o de que a
BM&F teria identificado a tentativa de realização de uma operação
ilegal por um fundo de pensão e,
assim, teria obrigado o autor a registrá-la como pessoa física. Outra hipótese comentada, mas considerada improvável, era a de que
a transação tivesse sido feita como
hedge (proteção).
Boatos à parte, a única certeza
do mercado era a de que o movimento foi totalmente atípico. Segundo operadores, essa transação
na BM&F contribuiu para as altas
da Bovespa nos últimos dois dias
-ontem, a Bolsa subiu, na contramão dos demais mercados.
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