São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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Operação atípica intriga mercado

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma transação atípica, feita anteontem por um único investidor na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), influenciou fortemente as oscilações do mercado de ações e virou o principal assunto das mesas de operações.
O investidor, registrado como pessoa física, teria vendido no mercado futuro cerca de 7.000 contratos do Índice Bovespa. Essa operação equivale, em termos financeiros, a aproximadamente R$ 400 milhões.
Com isso, o número registrado de contratos de venda desse ativo na BM&F -que, em média, é de pouco mais de mil contratos por dia- saltou de 1.373 na segunda-feira para 8.713 anteontem.
É um volume quase três vezes maior do que o movimentado pelas tesourarias, que aplicam os recursos dos bancos, que tinham 2.405 contratos de venda do Ibovespa anteontem.
Operações na BM&F são apostas que investidores fazem em movimentos que podem acontecer no futuro. Um investidor que fecha uma transação de venda do Ibovespa no mercado futuro, geralmente, está acreditando em queda do mercado de ações.
O que chamou a atenção, nesse caso, foi o alto volume movimentado por um único investidor. Segundo operadores, as transações teriam sido feitas por meio de duas corretoras pequenas. O diretor de uma delas, que preferiu não se identificar, disse que "o mercado está exagerando e que o volume de contratos negociados não teria sido tão grande". A Folha entrou em contato com a outra corretora, mas não conseguiu falar com nenhum diretor nem confirmar sua participação na operação.
Procurada pela Folha, a BM&F informou, por meio da assessoria de imprensa, que "a transação foi feita segundo suas normas".
A operação provocou rumores no mercado. Em algumas mesas, corriam boatos de que ela teria sido feita por Naji Nahas, investidor que ficou famoso por ter feito operações, em 1989, que provocaram prejuízos à Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, culminando no seu fechamento.
Outro rumor era o de que a BM&F teria identificado a tentativa de realização de uma operação ilegal por um fundo de pensão e, assim, teria obrigado o autor a registrá-la como pessoa física. Outra hipótese comentada, mas considerada improvável, era a de que a transação tivesse sido feita como hedge (proteção).
Boatos à parte, a única certeza do mercado era a de que o movimento foi totalmente atípico. Segundo operadores, essa transação na BM&F contribuiu para as altas da Bovespa nos últimos dois dias -ontem, a Bolsa subiu, na contramão dos demais mercados.


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