São Paulo, sábado, 27 de maio de 2006

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Bolívia terá US$ 1,5 bi de estatal de Chávez

PDVSA anuncia investimentos em petróleo e gás no país, com destaque para a construção de refinaria e petroquímica

Valor é semelhante ao total investido pela Petrobras Bolívia no país desde 1996 e supera o que vinha sendo anunciado pelos dois países

PEDRO SOARES
ENVIADO ESPECIAL SHINAHOTA (BOLÍVIA)

Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales, reuniram-se ontem na região cocaleira do Chapare para anunciar, entre outras medidas, um pacote de investimentos em gás e petróleo com um aporte inicial de US$ 1,5 bilhão por meio da PDVSA, a gigante petroleira venezuelana. É o mesmo valor investido pela Petrobras Bolívia, atualmente a maior empresa do país, junto com suas sócias.
O projeto inclui a construção, em curto prazo, de fábricas de refinação de petróleo, uma de petroquímica e fertilizantes, além de uma separadora de gás. É o primeiro grande anúncio de investimentos na Bolívia desde que Morales assinou o decreto de nacionalização, no dia 1º de maio. A Petrobras, por outro lado, afirmou recentemente que novos investimentos no país permanecerão congelados.
O montante investido supera muito o que vinha sendo anunciado. Em entrevista a jornalistas brasileiros no dia 14 de maio, o vice-presidente, Alvaro García Linera, disse que o Brasil não tinha por que ficar "enciumado" com a Venezuela, já que os investimentos da PDVSA seriam "moderados" -somente US$ 30 milhões.
Morales disse que, graças ao apoio da Venezuela, seu país "irá industrializar pela primeira vez na história" o gás natural, constituindo a indústria petroquímica no país a partir de uma sociedade entre a estatal boliviana YPFB e a PDVSA.

Constituinte
Em clima de eleições, Chávez, Morales e o vice-presidente de Cuba, Carlos Laje, também iniciaram a campanha governista à Assembléia Constituinte, que será eleita em 2 de julho. Chávez pediu voto aos candidatos do MAS (Movimento ao Socialismo) afirmando que, sem uma maioria na Assembléia Constituinte, "não será possível ao governo Morales fazer a revolução democrática".
Chávez disse que só conseguiu uma nova Constituição graças ao apoio de mais de 90% nas eleições constituintes. Ressaltando que não queria se intrometer "em questões internas", Chávez afirmou que, para fazer "a revolução democrática, pela via pacífica, é necessário apoio parlamentar sem que haja intromissão de nenhum outro poder constituído na Assembléia Constituinte".
Chávez doou cem computadores a colégios de Cochabamba e anunciou a criação de um fundo para financiar a industrialização de produtos agropecuários da Bolívia. Serão destinados US$ 100 milhões em crédito agrícola.
Para Chávez, que discursou por duas horas, as críticas feitas pelo presidente dos EUA, George W. Bush, a seu governo e ao de Morales representam "sinal verde para conspirações contra o governo da Bolívia".


Colaborou FABIANO MAISONNAVE, da Reportagem Local


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