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LINHA CRUZADA
Lula teria proibido reajuste, segundo ministro das Comunicações, mas Anatel homologou pedido das teles
Acordo fracassa e telefone sobe até 41,75%
IURI DANTAS
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de fracassarem as negociações do governo para parcelar
o reajuste anual nas tarifas de telefonia fixa, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) fixou ontem à noite os aumentos de
acordo com o previsto nos contratos de concessão.
Ou seja, os reajustes de 25%, em
média, para a assinatura básica e
pulso e de 41,75% para habilitação
serão concedidos de uma só vez e
foram calculados com base no
IGP-DI acumulado nos últimos
12 meses. A autorização para os
reajustes, que vigoram a partir de
domingo, deve sair hoje no "Diário Oficial" da União.
A decisão da Anatel, divulgada
após um dia de pressão do Ministério das Comunicações para que
o reajuste não fosse autorizado, é
uma derrota para governo, que
queria parcelar o aumento em pelo menos duas vezes, com um reajuste médio de 17% agora.
O ministro das Comunicações,
Miro Teixeira, chegou a divulgar
um documento enviado à Anatel
no qual pede, em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que a agência, responsável por autorizar esse reajuste, não o fizesse
no momento.
Segundo o documento, Lula recomendou Miro a "orientar essa
agência reguladora no sentido de
não conceder, no momento, o
reajuste pleiteado pelas concessionárias, até que seja celebrado
acordo que resulte em tarifas justas e coerentes com o interesse
público e com a política econômica em vigor".
O reajuste definido pela Anatel,
que chegou a ser divulgado no início da tarde pelo presidente da
Telefônica, Fernando Xavier, e a
reação de Miro foi mais um capítulo na disputa de poder com a
Anatel. Antes de anunciada a decisão, chegou a circular a informação de que o conselho da agência poderia pedir demissão coletiva. Só que acabou prevalecendo a
opinião da Anatel, em detrimento
do governo.
Ao anunciar a decisão, o presidente da Anatel, Luiz Guilherme
Schymura, afirmou que "não
houve intenção de afrontar o presidente [Lula]". Segundo ele, "não
houve pedido formal do presidente para que os reajuste não
fossem aplicados".
"A posição do ministro Miro é a
posição de todos nós brasileiros.
Infelizmente, ao longo do ano
houve um descolamento do IGP
em relação a outros índices. Esse
descolamento gerou obviamente
um desconforto muito grande",
afirmou Schymura.
Ele disse ainda que Miro telefonou "afirmando que estava muito
preocupado" e que estava enviando um ofício: "Pediu por favor
que avaliássemos bem, pois o reajuste teria um impacto muito negativo e que na conversa com as
empresas, sem descumprir o contrato, fosse considerada uma possibilidade em que o consumidor
não fosse muito prejudicado."
Schymura disse ainda que, "como sou obrigado a cumprir o
contrato, não estou prestando
atenção no impacto [do reajuste]
na inflação, mas estamos prestando atenção no impacto para o
consumidor".
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