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LUÍS NASSIF
As dúvidas sobre
a reforma
Assim como nas tentativas
anteriores, o governo tem
encontrado enorme dificuldade para informar sobre as características básicas da reforma
da Previdência. Estudos produzidos pela Presidência da República identificaram os seguintes problemas de desinformação:
Privatização da Previdência
- Esse tipo de afirmação decorre do fato de estimular a aposentadoria complementar para
quem quiser receber além do
teto definido de R$ 4.200. No
caso do Regime Geral da Previdência Social (o INSS), a proposta é elevar o teto dos R$
1.809,00 atuais para R$
2.400,00. Obviamente reduzirá
a margem para a previdência
complementar.
Em relação ao regime próprio
dos servidores, os chamados
entes federados (Estados e municípios) não terão a obrigatoriedade de criar sua previdência complementar. Se criada, o
servidor poderá escolher livremente se quer ou não se filiar a
ela. No caso de se criar um plano de previdência, ele será fechado, a exemplo da Previ e da
Petros, sem nada a ver, portanto, com os planos privados de
bancos e seguradoras.
Teto de aposentadoria - O teto de R$ 2.400,00 vigorará para
o setor privado e para os novos
servidores do setor público. No
caso dos servidores atuais, poderão optar livremente por permanecer no sistema atual ou
mudar para o novo sistema,
com o teto garantido e a complementação paga à parte, com
o governo entrando com um
real para cada real pago pelo
funcionário.
Aposentadoria pública - Para o futuro servidor, o critério
para o cálculo do benefício será
a média do período em que
contribuiu para o INSS e para o
regime próprio. Hoje em dia, a
aposentadoria é pelo valor integral.
Impactos da elevação do teto - Ao aumentar o teto, o governo arrecadará mais agora.
Do lado das despesas, o novo
teto irá trazer impactos sobre
as novas aposentadorias normais, por invalidez, auxílio-doença, e irá variar de acordo
com a faixa. Segundo cálculos
do governo, com a entrada em
vigor do novo teto de R$
2.400,00, um segurado que
sempre contribuiu pelo teto se
aposentaria em dezembro de
2004 com o benefício de R$
2.106,67, contra R$ 1.869,34 do
atual sistema -uma diferença
de 13%. Essa diferença se ampliaria mês a mês. Em dezembro de 2012, a aposentadoria
estaria em R$ 2.283,38, um aumento de 22%.
Contribuição dos inativos -
A contribuição será apenas para os servidores públicos, não
sobre os privados. Depois, atingirá apenas os que ganham
mais que R$ 1.058,00. Além disso, a contribuição de 11% incidirá apenas sobre o que superar
esse limite. Uma aposentadoria
de R$ 1.500,00, por exemplo,
pagaria 11% sobre R$ 442,00,
ou R$ 48,62 -o equivalente a
3,24% sobre sua aposentadoria. Já em uma aposentadoria
de R$ 4.000, a contribuição seria o equivalente a 8%, ou R$
323,62.
Aposentadoria precoce - O
trabalhador que tiver idade para se aposentar mas optar por
permanecer na ativa não pagará a contribuição sobre inativos. Se se aposentar, terá que
contribuir como inativo. Assim, haverá um estímulo a se
prosseguir trabalhando.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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