|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HOSPITAL BRASIL
Taxa de desemprego sobe de 12,4% em abril para 12,8% em maio, o maior índice desde março de 2002
Renda desaba 15% em um ano, diz IBGE
JULIANA RANGEL
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Um dia depois de o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci, dizer
que o país está saindo da UTI, dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostraram que a população mal consegue respirar entre
as reduções salariais e a disputa
por trabalho.
Segundo a PME (Pesquisa Mensal de Emprego e Rendimento) de
maio, o ganho habitual do trabalhador despencou 14,7% em relação ao mesmo mês de 2002 - a
maior queda já captada desde outubro do ano passado, quando
passou a ser possível fazer esse tipo de comparação na nova metodologia da pesquisa, adotada em
outubro de 2001. Em relação a
abril, o recuo foi de 2,9%.
Já o desemprego atingiu 12,8%
da população economicamente
ativa, perdendo apenas para o índice mensal de março de 2002
(12,9%). Em abril deste ano, a taxa
havia ficado em 12,4%.
Para o economista Cimar Azeredo, do IBGE, as reduções salariais estão relacionadas à lei da
oferta e da procura. Na semana da
pesquisa, um exército de 2,701
milhões de pessoas procurava
emprego. O montante era 4,2%
maior do que em de abril. Já a população ocupada cresceu apenas
0,4% entre os dois meses.
"Está havendo uma absorção
cada vez menor dos desocupados
pelo mercado de trabalho", destaca o economista. Segundo ele, este
fator faz com que muitas pessoas
trabalhem em setores informais.
"O empregado sem carteira assinada tem menor poder de barganha e sua renda acaba caindo."
O número de trabalhadores sem
carteira assinada, segundo o instituto, aumentou 6,9% em maio de
2003 ante maio de 2002, enquanto
o total de trabalhadores com carteira cresceu 3,2%.
Já a economista-chefe do BES
Investimento, Sandra Utsumi, diz
que a queda no rendimento também é provocada pelos altos índices de inflação acumulados em 12
meses, que corroem o poder de
compra dos salários. "São poucos
os sindicatos que conseguem negociar dissídios equivalentes à variação do INPC (Índice Nacional
de Preços ao Consumidor) ou do
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)", lembra.
O professor do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) João Sabóia diz que os altos índices de desemprego são comuns no primeiro semestre. A tendência, explica,
é de que os indicadores se recuperem com as contratações temporárias a partir de outubro. Já a
queda na renda, segundo o economista, acende um sinal vermelho para o governo.
Texto Anterior: Luís Nassif: As dúvidas sobre a reforma Próximo Texto: País está no limiar de uma recessão, diz Piva Índice
|