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São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003

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HOSPITAL BRASIL

Taxa de desemprego sobe de 12,4% em abril para 12,8% em maio, o maior índice desde março de 2002

Renda desaba 15% em um ano, diz IBGE

JULIANA RANGEL
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um dia depois de o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, dizer que o país está saindo da UTI, dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostraram que a população mal consegue respirar entre as reduções salariais e a disputa por trabalho.
Segundo a PME (Pesquisa Mensal de Emprego e Rendimento) de maio, o ganho habitual do trabalhador despencou 14,7% em relação ao mesmo mês de 2002 - a maior queda já captada desde outubro do ano passado, quando passou a ser possível fazer esse tipo de comparação na nova metodologia da pesquisa, adotada em outubro de 2001. Em relação a abril, o recuo foi de 2,9%.
Já o desemprego atingiu 12,8% da população economicamente ativa, perdendo apenas para o índice mensal de março de 2002 (12,9%). Em abril deste ano, a taxa havia ficado em 12,4%.
Para o economista Cimar Azeredo, do IBGE, as reduções salariais estão relacionadas à lei da oferta e da procura. Na semana da pesquisa, um exército de 2,701 milhões de pessoas procurava emprego. O montante era 4,2% maior do que em de abril. Já a população ocupada cresceu apenas 0,4% entre os dois meses.
"Está havendo uma absorção cada vez menor dos desocupados pelo mercado de trabalho", destaca o economista. Segundo ele, este fator faz com que muitas pessoas trabalhem em setores informais. "O empregado sem carteira assinada tem menor poder de barganha e sua renda acaba caindo."
O número de trabalhadores sem carteira assinada, segundo o instituto, aumentou 6,9% em maio de 2003 ante maio de 2002, enquanto o total de trabalhadores com carteira cresceu 3,2%.
Já a economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi, diz que a queda no rendimento também é provocada pelos altos índices de inflação acumulados em 12 meses, que corroem o poder de compra dos salários. "São poucos os sindicatos que conseguem negociar dissídios equivalentes à variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) ou do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)", lembra.
O professor do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) João Sabóia diz que os altos índices de desemprego são comuns no primeiro semestre. A tendência, explica, é de que os indicadores se recuperem com as contratações temporárias a partir de outubro. Já a queda na renda, segundo o economista, acende um sinal vermelho para o governo.


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