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Furlan pede que Argentina reduza restrições
Ministro diz que a recuperação do vizinho tornou sem sentido as restrições aos produtos do Brasil
FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES
Em Buenos Aires para anunciar o novo acordo automotivo
com a Argentina, o ministro do
Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, aproveitou o encontro com o presidente Néstor Kirchner para enviar um recado incômodo: o Brasil quer
eliminar as restrições às exportações brasileiras ao vizinho.
Há cerca de dois anos, no auge das "guerras comerciais" bilaterais, e depois de medidas
unilaterais tomadas pela Argentina para barrar a compra
de produtos brasileiros, setores
como o de geladeiras e fogões,
sapatos e móveis acertaram cotas máximas de importação.
Segundo Furlan, com a recuperação da economia argentina, os limites perdem o sentido.
"Levantei a questão com o presidente Kirchner e com a ministra Miceli [Economia] e com
De Vido [Planejamento]. É chegado o momento adequado.
Depois de dois anos e meio os
motivos que existiam para limitar as importações, como a
de calçados, provavelmente desapareceram", disse Furlan.
Para o ministro, agora é a indústria brasileira que se encontra em desvantagem por causa
da diferencia cambial (um dólar equivale a cerca de 3,10 pesos, cerca de 40% de desvalorização em relação ao real).
Furlan afirmou que a boa relação entre os governos Kirchner e Lula "abre espaços" para a
negociação das salvaguardas.
Para justificar o pedido, o ministro citou o caso da indústria
brasileira de eletrodomésticos
da linha branca (refrigeradores
e fogões), que reduziu em 3% a
produção em 2005. "Foi um
dos únicos casos de redução. O
mercado argentino representa
mais de 40% das nossas exportações".
O pedido de Furlan foi rechaçado por uma associação de fabricantes de eletrodomésticos
argentinos. "As cotas seguem
sendo necessárias. O setor argentino conta com elas para
executar seus planos de investimentos e se consolidar. Hoje,o Brasil tem 40% do mercado, mais do os 25% que tinha
em 1997, que era a média histórica", disse à Folha Carlos
Chantré, da Cariaa (Câmara
Argentina de Indústrias de Refrigeração e Ar Condicionado).
A Argentina acumula déficit
comercial com o Brasil há pelo
menos 36 meses.
O ministro brasileiro anunciou ao lado de Kirchner o novo
acordo automotivo bilateral
que valerá por dois anos. Prevê
que a cada US$ 100 exportado
pela Argentina, o país poderá
comprar do Brasil até US$ 195.
Até agora, era US$ 260.
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