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Mittal/Arcelor põe setor em xeque no país
Fusão que criou gigante mundial da siderurgia deve mudar estratégia de empresas no Brasil, de acordo com analistas
Dúvida é se investimentos programados para empresas
brasileiras controladas
pela Arcelor deverão ser
mantidos após negócio
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O casamento entre a Mittal
Steel e a Arcelor, as duas maiores siderúrgicas do mundo, vai
obrigar as companhias brasileiras que atuam no setor a lançar
mão de estratégias mais agressivas de crescimento. Essa é a
opinião de quatro especialistas
no setor ouvidos pela Folha.
Todos, porém, foram unânimes em dizer que movimentos
bruscos tendem a acontecer
somente no médio prazo.
A Mittal não possui braços
no país, mas a Arcelor Brasil teve uma receita líquida de R$
3,3 bilhões no primeiro trimestre deste ano. A companhia
francesa é acionista de quatro
siderúrgicas brasileiras - CST
(Companhia Siderúrgica de
Tubarão), Vega do Sul, Belgo
Mineira e Acesita.
A primeira dúvida suscitada
com a junção da Mittal e da Arcelor, assim, é se os investimentos programados para o
Brasil antes da operação realmente chegarão. Uma possibilidade, segundo os analistas, é
que os recursos acabem direcionados a fábricas localizadas
em outros países.
Em janeiro, quando a Mittal
fez a primeira oferta hostil pela
Arcelor, especialistas acreditavam que o novo grupo poderia
investir na CST, o que iria acirrar a disputa na produção de
aços planos. O problema é que,
para conseguir um acordo com
a Arcelor, a Mittal foi obrigada
a subir a oferta - que passou de
18,6 bilhões para 29,6 bilhões, durante os cinco meses
de negociação.
O resultado é que, ao contrário do que haviam anunciado, é
pouco provável que a Mittal faça uma oferta pública pelas
ações dos sócios minoritários
da Arcelor Brasil.
Os analistas também estão
de olho na Gerdau, a maior siderúrgica brasileira. Para eles,
a empresa deverá fazer novas
compras. Um dos alvos seria a
CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional), pois a Usiminas tem
como principal sócia a Nippon
Steel, que se tornará a segunda
do ranking. Ela, portanto, não
teria interesse em se desfazer
dos ativos no Brasil.
No exterior
Mesmo após o anúncio da fusão com a gigante siderúrgica
Mittal Steel, os acionistas da
Arcelor não descartam estudar
uma eventual contraproposta.
Dois dos maiores acionistas
da Arcelor, Romain Zaleski e
José Maria Aristrain, têm discutido, segundo a agência de
notícias Associated Press, os
termos de um eventual apoio
ao presidente da Severstal, Alexei Mordashov -a empresa
descartou um negócio com a
Severstal, anunciado no fim de
maio, em favor da oferta da
Mittal, que apresentou sua
oferta em janeiro deste ano.
O presidente e executivo-chefe da Mittal, Lakshmi Mittal, disse esperar que a fusão
das duas empresas seja um "casamento de corações". "Vínhamos tentando persuadir a noiva nos últimos cinco meses de
que a amamos e que ela deveria
aceitar a proposta de casamento", brincou Mittal.
O negócio com a Severstal, no
entanto, deve prosseguir de pé,
ao menos em tese, até que os
acionistas da Arcelor votem a
fusão com a Mittal -o que deve
acontecer na sexta-feira. É preciso que ao menos 50% do capital votante da Arcelor rejeite o
negócio com a empresa russa.
Mittal, no entanto, disse que
os acionistas devem rejeitar o
negócio com a Severstal e mesmo uma eventual fusão das três
companhias. A empresa russa
informou estar "muito surpresa" por não ter sido convidada
pela diretoria da Arcelor para
discutir a oferta da Mittal e preparar uma contraproposta.
Colaborou a Folha Online
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