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MEMÓRIA
Morre Alcides Diniz, 63, filho do fundador do Pão de Açúcar
DA REPORTAGEM LOCAL
Morreu na manhã de domingo, em São Paulo, o empresário Alcides Diniz, 63, irmão de Abilio Diniz, presidente do conselho de administração do grupo Pão de
Açúcar. Sete anos após descobrir que estava com câncer, o executivo ainda mantinha os tratamentos para
controlar a expansão da
doença e, desde a semana
passada, estava internado
como decorrência da gravidade do seu caso. O enterro
ocorreu no domingo mesmo.
Segundo filho de Valentim
dos Santos Diniz, fundador
do grupo varejista, o empresário estava distante havia
anos do setor varejista depois de decidir vender a sua
participação no negócio para
o irmão mais velho, Abilio
Diniz. A saída do grupo se
deu em 1988, após uma rixa
familiar motivada pela intenção de Abilio Diniz de comandar o grupo sozinho. Alcides foi o primeiro irmão a
abandonar o negócio e vender para Abilio a sua parte
(8% das ações) no grupo por
US$ 120 milhões, segundo
informação não confirmada
pela empresa na época.
O executivo também teve
o nome citado em outro episódio conhecido, o da "Operação Uruguai", durante o
governo de Fernando Collor
de Mello. Alcides era dono da
ASD Empreendimentos e
Participações e a sua secretária, Sandra de Oliveira, prestou depoimento à CPI do governo Collor, que investigava
fraudes na campanha do então presidente. Sandra desmontou a versão do governo
de que o dinheiro para custear gastos da campanha de
Collor vieram, em parte, de
empréstimos do Uruguai.
Ela informou que aconteceram reuniões na empresa de
Alcides, onde foram forjados
documentos para criar a
"Operação Uruguai".
Jogador de pólo, o executivo foi casado com Renata
Scarpa, após ficar viúvo aos
42 anos, em 1985, e tinha
quatro filhos. Irmão de Sonia, Vera, Arnaldo, Lucilia e
de Abilio, o empresário (também chamado de Cidão) estava no segundo casamento.
A atual mulher era Claudia
Reali. Dono de personalidade forte, certa vez declarou:
"Eu invisto no prazer. Sou
uma pessoa que gosta de viver bem. Acho que o único
sentido da vida é viver bem".
À frente da ASD, ele tentou
costurar uma joint venture
com grupos estrangeiros para a criação de um hotel de
US$ 100 milhões na zona sul
no início dos anos 90. Com o
plano Collor, que confiscou o
dinheiro da população, o
projeto não deu certo.
(AM)
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