São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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MEMÓRIA

Morre Alcides Diniz, 63, filho do fundador do Pão de Açúcar

DA REPORTAGEM LOCAL

Morreu na manhã de domingo, em São Paulo, o empresário Alcides Diniz, 63, irmão de Abilio Diniz, presidente do conselho de administração do grupo Pão de Açúcar. Sete anos após descobrir que estava com câncer, o executivo ainda mantinha os tratamentos para controlar a expansão da doença e, desde a semana passada, estava internado como decorrência da gravidade do seu caso. O enterro ocorreu no domingo mesmo.
Segundo filho de Valentim dos Santos Diniz, fundador do grupo varejista, o empresário estava distante havia anos do setor varejista depois de decidir vender a sua participação no negócio para o irmão mais velho, Abilio Diniz. A saída do grupo se deu em 1988, após uma rixa familiar motivada pela intenção de Abilio Diniz de comandar o grupo sozinho. Alcides foi o primeiro irmão a abandonar o negócio e vender para Abilio a sua parte (8% das ações) no grupo por US$ 120 milhões, segundo informação não confirmada pela empresa na época.
O executivo também teve o nome citado em outro episódio conhecido, o da "Operação Uruguai", durante o governo de Fernando Collor de Mello. Alcides era dono da ASD Empreendimentos e Participações e a sua secretária, Sandra de Oliveira, prestou depoimento à CPI do governo Collor, que investigava fraudes na campanha do então presidente. Sandra desmontou a versão do governo de que o dinheiro para custear gastos da campanha de Collor vieram, em parte, de empréstimos do Uruguai. Ela informou que aconteceram reuniões na empresa de Alcides, onde foram forjados documentos para criar a "Operação Uruguai".
Jogador de pólo, o executivo foi casado com Renata Scarpa, após ficar viúvo aos 42 anos, em 1985, e tinha quatro filhos. Irmão de Sonia, Vera, Arnaldo, Lucilia e de Abilio, o empresário (também chamado de Cidão) estava no segundo casamento. A atual mulher era Claudia Reali. Dono de personalidade forte, certa vez declarou: "Eu invisto no prazer. Sou uma pessoa que gosta de viver bem. Acho que o único sentido da vida é viver bem".
À frente da ASD, ele tentou costurar uma joint venture com grupos estrangeiros para a criação de um hotel de US$ 100 milhões na zona sul no início dos anos 90. Com o plano Collor, que confiscou o dinheiro da população, o projeto não deu certo. (AM)


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